Quantos ′′nãos′′ estás a carregar nas costas do teu filho mais velho?

Este é um trecho do livro “La Crianza Rebelde: Educar Desde el Respeto, la Consciencia y la Empatía” da autora Ana Acosta Rodriguez que gostei muito e que queria partilhar. Aqui traduzido de forma livre para português.

A imagem de destaque é uma belissima ilustração de Lucy Dillamore

O irmão mais velho…

′′ Não faças barulho, que a bebé está a dormir”, ′′ agora não posso que a bebé  precisa de mamar”, ′′ não posso dar atenção aos dois ao mesmo tempo e ela é mais pequenina, tens que esperar”.

Se estás nessa situação convido-te a tomar consciência sobre quantos ′′NÃOS′′ estás a carregar nas costas do teu filho mais velho. Verifica o vocabulário que usas, tuas ações e tuas omissões.

Lembra-te que o teu filho mais velho também precisa de ti e que se está a ser colocado de parte para que seu irmãozinho/a possa estar contigo.

Para o irmão mais velho, que às vezes ainda é um bebé, essa chegada implicou uma grande mudança na sua vida e talvez por isso esteja passando por uma etapa de explosões emocionais mais exacerbadas ou chore mais.

Está processando o duelo de ′′ mãe só pra mim “. E o que fazemos quando alguém que amamos está atravessando por um duelo? Acompanhamos, apoiamos, damos amor e conforto.

Isso é o que devemos fazer com nossos filhos mais velhos mesmo que pareça uma tarefa titânica.

Não lhes exijamos atitudes ou práticas que não correspondem à sua idade, não lhes carreguemos responsabilidades que não devem ter, (…) eles e elas ainda são crianças.

(…)

Queres dar algo ao teu filho? Oferece-lhe calma! Mas como assim, calma?

mãe abraça filho

 

– Quero dar algo ao meu filho e não sei o quê.

– Oferece-lhe calma!

– Como calma?

– Assim, tal qual como soa: CALMA.

Quando o teu filho se altera, oferece-lhe calma, quando se stressa oferece calma, quando acontece uma situação difícil oferece-lhe calma, quando acontecer algo grave oferece-lhe calma.

– Mas como lhe ofereço calma quando eu estou alterado?

– É por isso que é um presente, é algo que tu te esforças para obter e nem sempre o tens, não é o que sobra, a quem se ama não se presenteia com o que sobra.

A quem se ama oferecemos o presente mais precioso, damos-lhe o tempo e a energia que investimos em crescer como seres humanos para estar em condições de podermos dar calma quando a tempestade chegar.

Este é um belíssimo texto de Álvaro Pallamares que nos mostra a importância de os pais serem mais calmos na educação dos filhos. No meio da turbulência, no meio da tempestade, os pais tem de ser o porto de abrigo dos filhos.

Álvaro Pallamares é um psicólogo clínico, especialista em psicologia infantil. É Chileno mas  reconhecido em todo o mundo. Álvaro Pallamares diz que contribui com o seu grão de areia para conseguir relacionamento mais saudáveis e, por isso, famílias mais felizes.

As crianças são apaixonadas pela natureza, mas nós fechamo-las em salas de aula.

As crianças são apaixonadas pela natureza, mas nós fechamo-las em salas de aula, dia após dia, horas atrás de horas. Onde mais elas poderiam estar se trabalhamos o dia todo?

As crianças adoram aprender por tentativa e erro, comprovar fazendo com que suas ações tenham consequência e razão de ser, mas pedimos que memorizem datas, pratiquem para expor e escrevam planos sem muito sentido. Estudar é assim, chato, mas elas que se acostumem.

As crianças gostam de pintar árvores azuis, rios roxos. Mas nós corrigimo-los para pintar tudo exactamente como é.  Academicamente, a imaginação é o menos importante.

As crianças adoram que sejam os pais a mostrar-lhe o mundo, mas passam dois dias por semana com eles. É para isso que pagamos às escola, aos centros de estudo, às creches.

As crianças adoram movimentar-se, mas optamos por pedir-lhes que fiquem sentados e quietos uma aula inteira e depois têm ginástica uma vez por semana. Quanto mais quietos, melhor.

As crianças gostam de conversar, mas raramente pedimos a sua opinião sobre as coisas que as envolvem. Quanto mais caladas, melhor.

As crianças gostam de tentar, mas acabamos fazendo as coisas por elas. É que estamos com pressa, não há tempo a perder.

As crianças gostam de fazer o que estão programadas para fazer, aprender com tudo os que as rodeia. O corpo é a base de todo a aprendizagem, a fala se desenvolve no vínculo com os pares e a autonomia no respeito pela sua iniciativa.

Observe como os seus filhos passam o dia, o quê e como aprendem em casa e na escola. Que a nossa própria rotina e as nossas ideias preconcebidas sobre a infância e educação não imobilizem a sua motivação natural para ser, aprender e, acima de tudo, florescer.

Texto de Naomi Toma, traduzido de forma livre por Parentalidade Digital.

 

O efeito das palavras cheias de cores e sonhos

Este é um texto de Laura Gutman que eu traduzi, de forma livre, do Espanhol para o Português.

A imagem de de destaque é uma ilustração muito bonita da autoria de Jone Leal.

Dizer às crianças que elas são lindas, amadas, bem-vindas, adoradas, generosas, nobres, bonitas, que são a luz de nossos olhos e a alegria de nossos corações; gera crianças ainda mais agradáveis, saudáveis, felizes e bem dispostas.

E não há nada mais agradável do que viver com crianças felizes, seguras e amorosas.

Não há razão para não exagerar nas  palavras cheias de cores e sonhos. Palavras bonitas podem não aparecer no nosso vocabulário, porque nunca as recebemos na nossa infância.

Nesse caso, temos que aprendê-las com tenacidade e vontade. Se fizermos esse trabalho agora, nossos filhos – quando forem pais – não terão que aprender esta lição. Porque surgirão das suas entranhas, com total naturalidade, as palavras mais bonitas e as frases mais gratificantes  para com os seus filhos.

E essas cadeias de palavras carinhosas se perpetuarão por gerações e gerações, sem que os nossos netos e bisnetos o notem, porque eles farão parte de sua genuína maneira de ser.

 

Não entendo porque a minha criança é tão difícil !?

Este é um texto de Naomi Toma  aqui traduzido de forma livre por Parentalidade Digital.

Embora possa ser “cómodo” colocar um rótulo, precisamos reaprender que não há criança realmente difícil.

A infância (quando não há situações de trauma) normalmente é naturalmente flexível, aberta ao espanto e pronta para receber opções.

Se lidar com um menino ou menina parece difícil, é muito provável que o difícil não seja o caráter dele, mas as circunstâncias em que ele cresceu ou a maneira como aprendeu a se relacionar com outras pessoas e / ou adultos.

Imagine o quão difícil pode ser para uma criança crescer longe de seus pais quando ambos trabalham, ou para ser sempre apressada, criticada (ou gritada!) Ou simplesmente para se sentir pouco ouvida no mundo adulto.

Em vez de atender a essas procuras de amor, nós, adultos, tendemos a focar no nosso desconforto, rotulá-las de difíceis, obstruindo o seu desenvolvimento livre e autêntico, afastando-nos delas, em vez de nos aproximarmos e conhecê-las um pouco mais com disposição e paciência.

Vamos tentar não classificar as crianças, porque corremos o risco delas se tornarem o que dizemos sobre elas. Vamos tratar as crianças como crianças, seres humanos com grande potencial e compreensão, mas que ainda não são adultos e que, portanto, precisam de nós e de nosso acompanhamento persistente para se sentirem seguras e motivadas a ‘comportar-se bem’.

Então, qual é a dificuldade de uma criança? É claro que não é fácil, mas cabe a nós optar por passar o dia exigindo ou renegando, ou pelo contrário, cultivando a calma para entender que, se uma criança se comporta de uma certa maneira (que os adultos classificam como negativa: birra, não ser capaz de ficar quieto ou silencioso etc.) é porque existe uma necessidade ou um sofrimento real por trás.

Não vamos ignorar ou sentenciar esses sinais, vamos tomá-los como a oportunidade de procurar maneiras novas e mais carinhosas de se relacionar.

Os benefícios psicológicos dos passatempos para as crianças e para adultos

Diferentes estudos comprovam os benefícios psicológicos dos passatempos, que são atividades de entretenimento ou lazer que envolvem um pequeno desafio mental. Além de serem muito importantes para os adultos, esses passatempos são fundamentais para as crianças.

Quando crianças, nossa capacidade de gerenciar a atenção é muito limitada. Ao longo dos anos, nosso “sistema operacional/executivo central” vai amadurecendo e esse controle aumenta. Por outro lado, temos a capacidade de reforçar ou aprimorar esses avanços através de diferentes estratégias.

Além disso, à medida que envelhecemos, renunciamos à diversão. De alguma forma, internalizamos que o tempo não produtivo é uma espécie de perda de tempo. Assim, caímos em uma espécie de obsessão, pela qual sempre temos que realizar atividades para o bem-estar do eu futuro, sacrificando gostos e desejos do eu presente.

No entanto, a ciência mostra que estamos errados ao considerar apenas o “sério” como importante, deixando o “divertido” como algo secundário e renegado apenas ao tempo livre.

Os benefícios psicológicos dos passatempos para as crianças e os adultos

Um estudo realizado e publicado por especialistas das Universidades do Texas, Pittsburgh e Kansas defende a hipótese de que as atividades prazerosas ​​estão associadas à boa saúde. Eles encontraram dados que apoiam a ideia de que os passatempos são excelentes para melhorar o estado psicológico e físico das crianças, assim como dos adultos.

Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores estabeleceram indicadores específicos nos jovens que passaram por esses testes para medir sua pressão sanguínea, seu índice de massa corporal e seu funcionamento psicológico. Depois disso, fizeram medições através de um teste para estabelecer o nível de participação em atividades de lazer.

Foi assim que encontraram evidências de que as pessoas que se divertiam mais com essas atividades de lazer eram mais propensas a se sentir saudáveis, tanto física quanto psicologicamente. Entre os benefícios que eles descobriram, estão:

Menor risco de desenvolver problemas psicológicos

Os passatempos, realizados de maneira regular, favorecem a redução dos problemas e um maior equilíbrio psicológico. Esses fatores levam ao que se considera felicidade. É por isso que os hobbies são tão importantes.

Melhoria do círculo social

A socialização infantil é importante principalmente a partir dos 6 ou 7 anos de idade, quando seus iguais se tornam figuras básicas do seu desenvolvimento como indivíduos.

Nesse caso, os passatempos são excelentes, principalmente quando consistem em atividades que exigem a participação de outras pessoas. Com isso, as crianças desenvolvem seu círculo social e ampliam suas amizades, pois, durante o tempo de diversão, são mais receptivas emocionalmente.

Redução do estresse

O estresse que a criança pode sentir pelo excesso de tarefas e obrigações diminui com os passatempos e o tempo livre dedicado ao lazer. Observa-se a mesma tendência em adultos, que, além disso, se tornam menos propensos a sofrer de depressão.

Sono de maior qualidade

As crianças podem dormir melhor graças aos passatempos. De acordo com o estudo citado, apenas as crianças que não tinham muito tempo livre apresentaram problemas para conciliar o sono e desfrutar de um bom descanso.

Contribuição para a felicidade

Em geral, o estudo mencionado e muitos especialistas concluem que os passatempos são instrumentos perfeitos para gerar uma maior felicidade.

Graças a esses entretenimentos durante o tempo livre, as crianças enchem suas vidas de sentido, alcançando um desenvolvimento mais satisfatório e uma existência muito mais completa.

Melhor desempenho escolar

É claro que, graças ao tempo livre e à diversão com o uso de passatempos, as crianças demonstram uma maior capacidade de concentração, o que aumenta sua produtividade acadêmica.

As crianças, graças aos passatempos, se recuperam melhor das demandas da escola. Além disso, ganham motivação para aprender novas habilidades, desenvolvem uma capacidade criativa mais positiva e se mostram mais colaborativas com colegas, professores e monitores.

Considerando todo o exposto acima, parece estar comprovado que os benefícios psicológicos dos passatempos para as crianças são claros e eficientes. Portanto, são atividades que vale a pena promover entre os pequenos.

Com isso, devemos identificar os passatempos favoritos das crianças e incentivá-los. Nunca devemos pensar que eles são uma maneira de perder tempo. Essas desconexões são atividades fantásticas que aprimoram as habilidades das crianças e que têm recompensas muito claras, como pudemos verificar.

 

Texto publicado em La mente es maravillosa aqui traduzido para português.

Os efeitos tóxicos de educar com humilhação

Este é um artigo de Rebecca Eanes, publicado no site,  Creative Child, traduzido para português de forma livre por Parentalidade Digital.

Pode ler o aqui o original em inglês.

Há muito que a vergonha é exercida como uma ferramenta poderosa para modificar o comportamento de uma criança. Quando levadas a sentir-se indignas, as crianças geralmente se esforçam mais para agradar aos pais, dando a ilusão de que estão “funcionando”, mas esses sentimentos de inutilidade causam cicatrizes profundas que podem levar uma vida inteira para sarar.

A vergonha inclui comentários verbais como “pare de agir como um bebé”, “seu filho travesso” e “você é tão estúpido?” bem como a infeliz tendência de vergonha pública e humilhação nas redes sociais.

O auto-conceito em desenvolvimento

O auto-conceito é a imagem que possuímos de nós mesmos – de nossas habilidades, nossa natureza, qualidades e comportamento típico. Isso é formado nos nossos primeiros anos pelo que ouvimos sobre nós mesmos através daqueles que são mais próximos de nós.

Em essência, as crianças passam a ver-se da maneira que os seus pais e cuidadores as vêem. Portanto, quando recebem constantemente a mensagem de que são “más”, “malcriadas” ou “estúpidas” ou que “agem como um bebé”, essa mensagem é internalizada.

Como o auto-conceito determina o comportamento, as crianças irão demonstrar como se sentem por dentro. Uma criança que se considera má exibirá, portanto, mau comportamento, fazendo com que os pais adicionem mais uma critica humilhatória num esforço para controlá-la. O ciclo perpetua-se.

O caminho mais fácil

Temos o hábito de reduzir as crianças a nada além do comportamento, e tratamos apenas o comportamento que vemos, em vez de tratar o ser humano por de trás do comportamento.

Quando estamos focados apenas em tratar o comportamento, podemos ser rápidos em distribuir punições ou usar táticas de vergonha para obter conformidade.

Quando estamos focados no tratamento do ser humano, somos capazes de ter empatia, ensinar e orientar a criança para um melhor comportamento.

Essa é obviamente uma abordagem mais saudável, mas é preciso mais tempo e esforço.

A vergonha é rápida e muitas vezes eficaz, por isso não se deixe ir pelo caminho mais fácil. Há um ser humano valioso e digno por trás desse comportamento.

O custo da vergonha

A vergonha não diminui o comportamento; diminui o eu. Por sua vez, isso poderá afetar o comportamento, mas a que custo? De acordo com bons filhos – a que preço? O custo secreto da vergonha  de Robin Grille e Beth McGregor, numerosos estudos associam a vergonha ao desejo de punir os outros.

Indivíduos envergonhados são mais propensos a serem agressivos e exibem comportamento autodestrutivo.

A vergonha faz com que as pessoas se afastem dos relacionamentos, tornam-se isoladas e compensam sentimentos profundos de vergonha com atitudes de superioridade, intimidação, autodepreciação ou perfeccionismo obsessivo.

Quando a vergonha é grave, pode contribuir para a doença mental.

Em vez de envergonhar

Existem várias maneiras de ensinar as crianças sem agredi-las ou humilhá-las. Estas alternativas foram retirados do blog Positive Parenting Connection de Adriane Brill e traduzido para português pela Plataforma Família.

  1. Faça uma pausa junto da criança: a chave é fazer isso com o seu filho, antes que as coisas saiam do controle. Se o seu filho está num momento difícil ou está a fazer escolhas inseguras, como bater em algum colega, encontre um espaço tranquilo para fazer uma pausa em conjunto. Apenas cinco minutos para vocês se conectarem, para ouvir o que seu filho está sentindo e falar sobre as escolhas mais apropriadas, são coisas que realmente ajudam. Isto é semelhante ao que se chama de time in, um momento de acolhimento onde os pais trazem o filho para perto, ao invés de provocar afastamento.
  2. Segundas chances: todos já cometemos um erro e nos sentimos aliviados por ter uma nova chance para tudo outra vez. Ou não? Muitas vezes, deixar que as crianças tentem novamente permite-lhes resolver o problema ou mudar seu comportamento. ”Eu não te posso deixar espalhar a cola na mesa inteira, mas queres tentar fazer isso de novo no papel?”
  3. Resolva o problema em conjunto: se existe um problema e seu filho tem um comportamento causado por frustração, dar a oportunidade de ele falar sobre o problema e ouvir a solução que ele tem pode mudar as coisas para melhor.
  4. Pergunte: às vezes, os nossos filhos fazem certas coisas, e nós não entendemos muito bem essas coisas. Nós podemos supor incorretamente que eles estão a fazer alguma coisa “ruim” ou a ser “desobedientes” quando, na verdade, eles estão a tentar entender como alguma coisa funciona. Pergunte o que eles estão a fazer com a intenção de ouvir e entender em primeiro lugar e, então, ajude-os dando a saída adequada ou uma informação que está em falta. Em outras palavras, tente “O que é que estás a tentar fazer?” ao invés de: “Por que diabos estás… Aaaah!!! Já pro quarto!”
  5. Leia uma história: outra ótima maneira de ajudar os filhos a entender como fazer escolhas melhores é lendo histórias com personagens que que também cometem erros, ou que passam por sentimentos intensos, ou que necessitem de ajuda para fazer escolhas melhores. Além disso, ler para os filhos pode ser uma forma muito positiva de se reconectar e dirigir a nossa atenção para os nossos filhos.
  6. Bichinhos e brincadeiras: as crianças pequenas adoram ver fantoches ou bonecas ganhar vida para ensinar lições positivas. “Olá, eu sou o ursinho e oh…parece que este chão está todo rabiscado. Estou voando para a cozinha para pegar uma esponja para limparmos o chão juntos. Vens comigo!” E depois de limpamos juntos: “Ah, agora vamos buscar um pouco de papel, para me fazeres um desenho no papel? O papel é para desenhar e colorir com lápis de cor!”
  7. Dê duas opções: vamos dizer que seu filho está a fazer algo completamente inaceitável. Ofereça-lhe duas alternativas que são seguras, respeitosas e aceitáveis, e deixe que ele escolha o que ele vai fazer a partir daí. Ao receber duas opções, a criança pode manter algum controle sobre as suas decisões e ainda aprender sobre limites.

 

Onze medidas para manter as crianças seguras em casa em tempos de Covid-19 e não só!

A APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil partilhou um conjunto de onze recomendações para manter as crianças, principalmente do grupo etário até aos 4/5 anos, mais seguras e evitar os acidentes domésticos durante o período de isolamento social provocado pela pandemia de covid-19.

  • Garanta que todas as janelas e portas de acesso a varandas possuem um limitador de abertura que não abra mais do que 9 cm. Desta forma poderá manter a casa arejada sem correr o risco de que a criança possa cair
  • Não deixe móveis, cadeiras ou brinquedos na varanda ou por baixo de janelas. As crianças podem usá-los para subir e debruçarem-se
  • Não transporte sopa ou outros líquidos quentes quando os menores estão por perto
  • Guarde todos os produtos de limpeza imediatamente após a sua utilização em armários altos ou locais trancados
  • Despeje a água dos baldes logo depois de limpar a casa
  • Confirme que as estantes e armários estão bem fixos à parede

É normal que as crianças mais velhas e os adolescentes queiram participar nas tarefas domésticas e ser mais autónomos. Ora, aqui está uma boa oportunidade de os ensinar a fazê-lo em condições de segurança:

  • Acender fósforos de dentro para fora, cortar alimentos para cozinhar com a lâmina afastada dos dedos, ou usar pequenos eletrodomésticos com as mãos bem enxutas
  • Secar o cabelo no quarto e nunca na casa de banho
  • Colocar sempre o tapete antiderrapante na banheira ou no poliban
  • Não sobrecarregar as fichas elétricas com vários aparelhos eletrónicos
  • Não se sentarem ou baloiçarem em parapeitos e varandas

Para esclarecimento de  dúvidas sobre regras de segurança em casa, as famílias podem contactar a APSI através do email apsi@apsi.org.pt ou através das páginas da Associação no Facebook e Linkedin.

Se alimentarmos as crianças com amor, os medos morrem de fome

O mais interessante  de assumir a educação emocional das nossas crianças é que através dela nós podemos alterar a química do seu cérebro ; ou seja, estamos a oferecer-lhes a capacidade de controlar a sua biologia.

A influência negativa e penetrante dos meios de comunicação, as práticas educativas pouco acertadas e a falta de respeito nas escolas ou na sociedade estão diminuindo as capacidades emocionais das nossas crianças.

Podemos aceitar que é inevitável que certos tipos de mudanças sociais ocorram, mas o que nós temos em nossas mãos são ferramentas para melhorar a sua saúde emocional . O que podemos fazer?

É realmente muito simples, vamos ver …

Que um sorriso lhe sirva de guarda-chuva

Sabendo que a serotonina é o hormona principal na regulação do nosso humor, podemos ajudar o nosso cérebro a produzi-la de uma maneira natural. Para regular seus níveis no organismo basta manter uma dieta saudável, dormir uma quantidade adequada de horas todas as noites e fazer exercícios regularmente.

Ou seja, para termos uma correta saúde emocional devemos implementar estes hábitos em nossas vidas diárias. Dessa maneira, vamos conseguir que nosso cérebro se encontre nas condições ideais para evitar as sobrecargas de energia que surgem do stress e dos medos.

Cabe apontar, como curiosidade, que pesquisadores de renome afirmam que pedir que as nossas crianças sorriam e dizer a elas que as coisas irão melhorar é verdadeiramente útil. De fato, os seres humanos podem equilibrar os níveis de serotonina com um simples sorriso.

Quando sorrimos, nossos músculos faciais se contraem, o que faz com que diminua o fluxo sanguíneo dos vasos próximos a eles. Isso, por sua vez, faz com que o sangue arrefeça, e por isso se reduz a temperatura do córtex cerebral, o que gera, como consequência, a produção de serotonina.

Brincar é o trabalho de crianças

O que comentamos até agora deve confirmar a ideia de que as pequenas coisas são muito importantes. Se há uma forma através da qual podemos articular a aprendizagem emocional infantil é através da brincadeira.

A melhor forma de ensinar  habilidades que as permitam administrar as suas emoções é através das brincadeiras, pois conseguiremos dar-lhes a oportunidade de aprender e de praticar novas maneiras de sentir, de pensar e de agir.

Além disso, podemo-nos converter em parte integrante do processo de aprendizagem emocional de uma maneira tremendamente eficiente. De facto, depois de introduzirmos uma dinâmica atractiva, a curiosidade e a repetição que as crianças possuem e solicitam farão o resto do trabalho.

Por exemplo, quando um menino ou menina enfrenta um medo, é bom ajudá-los para que se sintam identificados com um personagem de ficção que admirem. Dessa maneira, podemos brincar com eles imaginando o que fariam se estivessem no lugar do seu ídolo.

Se articularmos uma série de brincadeiras desse tipo ou de outros, como as marionetes, o relaxamento ou a exploração corporal, conseguiremos que as crianças adquiram as habilidades necessárias para administrar suas emoções.

Isso também contribuirá para que elas desenvolvam o autoconhecimento, que estimulará o seu interesse por trabalhar aspectos cuja complexidade ainda não é compreendida. Graças a isso fomentaremos o desenvolvimento de uma autoestima saudável apoiada no respeito por si mesmo.

Chaves para aumentar as habilidades emocionais das crianças

Como já dissemos anteriormente, às vezes é muito simples conseguir que as nossas crianças cresçam de maneira equilibrada. Basta alimentá-las com amor para que seus medos e seus problemas emocionais morram de fome. Vejamos a seguir como podemos fazer isso em 3 simples passos…

1. Oferecer um lar, um lugar no qual se sintam protegidas e abrigadas

Um lar é criado a partir das emoções das pessoas que o compõem. As centenas de brinquedos em seus quartos não servem para nada se não compartilharmos com eles o nosso amor através de gestos de carinho e de cuidado.

2. Dar-lhes o nosso tempo, nosso interesse e o desejo de aproveitar os desafios que nos propõem

O que as nossas crianças vêem em nós, para elas, não está presente em mais ninguém. Por isso, é indispensável dedicar nosso tempo e nosso interesse genuíno a elas, e oferecer uma visão do seu mundo de maneira amorosa e incondicional.

3. Falar com elas de maneira carinhosa

Quando as crianças fazem alguma coisa errada ou se comportam de maneira agressiva estamos acostumados a empregar estratégias de rejeição. Alguns exemplos são dizer “Não te amo mais” ou “És muito malvado”. Entretanto, desta maneira elas não irão entender que o que está errado é o que fizeram, e não o seu valor próprio.

Por essa razão, as mensagens que devemos transmitir-lhes são do tipo “Não está certo o que fizeste”. Assim, não iremos diminuir a sua autoestima nem colocar em dúvida os nossos sentimentos por elas.

Artigo de Raquel Aldana – Psicóloga

Visto em  Plataforma Família

7 dicas na comunicação entre pais e professores, nesta era digital

A comunicação entre pais e professores mudou desde que éramos crianças. E-mails, aplicações e  mensagens de texto tornaram muito mais fácil manter contato.

Aqui está o que pode fazer para promover uma excelente comunicação entre pais e professores nesta era digital.

1. Seja paciente

Embora seja possível enviar, entre reuniões de trabalho e chamadas, um e-mail ao professor, lembre-se de que o trabalho dele envolve estar à frente dos alunos. Você prefere que o professor esteja atento aos alunos ou a responder a e-mails o dia todo? Então, se enviar um e-mail, lembre-se de que o professor poderá não ver logo ou não ter tempo para responder imediatamente.

2. Siga as regras.

Não dificulte enviando o seu filho para a escola com dispositivos móveis quando eles são proibidos. Apesar das boas intenções, provavelmente criará um problema na sala de aula. Você pode ter um bom motivo, como um problema familiar urgente ou um problema de saúde específico. Se você precisar de uma exceção, pergunte primeiro à escola.

3. Deixe, se possível, ser o professor a escolher o modo de comunicação.

A comunicação será muito mais fácil e mais amigável, pois você a tornará o mais simples possível para o professor. Respeite as suas preferências de comunicação. Se eles preferem mais o e-mail do que o telefone, é por e-mail. Obviamente, há momentos em que apenas o contato pessoal é apropriado, mas tente seguir as preferências do educador sempre que possível.

4. Ajude, se possível.

Os professores podem  não conseguir manter todos os espaços digitais. Você é experiente em tecnologia? Se o professor aceitar a sua ajuda, você poderá atualizar a página ou o blog da turma. O seu apoio não é apenas um gesto amigável – ele pode ajudar toda a turma.

5. Seja exemplo nos limites.

Às 23h da noite anterior ao fim do prazo de um trabalho, não é o momento apropriado para enviar um e-mail a um professor e, certamente, não é o momento de esperar uma resposta imediata.

Se o seu filho não anotou a tarefa de casa, ele não consegue contatar com um colega de turma?

O seu filho não deve criar o hábito de enviar um e-mail para o professor em vez de anotar as coisas ou aprender a pesquisar os assuntos.

6. Mantenha-se profissional: não faça amizade com o professor nas redes sociais e não se ofenda se o professor não aceitar o seu pedido.

Se  já está conectado ou faz parte das mesmas comunidades digitais não envie uma mensagem para o professor. Quando o seu filho deixar de ser seu aluno, deixe ser o professor a tomar a iniciativa, caso pretenda, de se conectar consigo. Se  tiver o número de telefone pessoal de um professor (talvez ele tenha telefonado para si para discutir alguma coisa), não o use, a menos que o professor o solicite explicitamente ou seja um assunto mesmo urgente. Deixe uma mensagem na escola, envie um e-mail ou use o sistema de gestão da aprendizagem da escola.

7. Assuma boas intenções.

A menos que haja fortes evidências em contrário, confie que as intenções do professor são boas. Se um professor não responder a um e-mail, ele pode estar com uma montanha de testes para corrigir, lendo o trabalho do seu filho ou jantando com a família. Assumir boas intenções ajuda bastante.

Novas tecnologias e novas oportunidades de comunicação podem ser muito benéficas para a colaboração de pais e professores – se lidarmos com elas com cuidado. É mais fácil para o professor colaborar consigo para resolver problemas quando abordamos a comunicação de maneira profissional e empática.

 

Texto publicado no site Cool Mom Tech, traduzido e adaptado de forma livre para português por  Parentalidade Digital.