Como os rapazes e as raparigas têm uma visão diferente sobre a violência

Se tivermos em conta as respostas ao artigo Cat Person, artigo que se tornou viral, fica claro que as pessoas vêem o abuso e a violência de forma diferente.

Homens e mulheres muitas vezes discordam sobre o que é considerado um comportamento violento e o que é considerado uma interação humana normal. E por causa disso, às vezes,  as mulheres que falam sobre o abuso são acusadas de exagerar ou procurar atenção .

Isto acontece especialmente no mundo online – onde as utilizadoras das redes sociais, como o Twitter e o Facebook, podem ser ameaçadas ou assediadas, com poucas ou nenhumas consequências para as pessoas que as atacam.

Muito disto vem de encontro a pesquisas que mostram que homens e mulheres tem diferentes percepções do que é violência. Desta forma, os homens são muito mais propensos a cometer actos violentos do que as mulheres – e essas diferenças de género geralmente começam na infância.

Violência na infância

Pesquisa sobre o comportamento de bullying descobriu que os rapazes são mais propensos a intimidar e as raparigas são mais propensas a defender os colegas intimidados. Os rapazes são mais propensos a pensar em bullying como uma parte normal da interação entre crianças enquanto que as raparigas são mais propensas a identificar o bullying como comportamento inadequado e inaceitável.

As pesquisas mostram que essa visão torna as vítimas masculinas de bullying particularmente vulneráveis, já que elas acham que não podem pedir ajuda, e os seus amigos do sexo masculino não devem oferecer ajuda. Estudantes masculinos são muitas vezes empurrados a aceitar o bullying como “brincadeira” e não levá-lo muito a sério.

Talvez não seja surpreendente, então, que ser intimidado pode levar as crianças a desenvolverem problemas de saúde mental. E, no lado oposto, a pesquisa também mostrou que os agressores são mais propensos a praticar comportamentos violentos e autodestrutivos, em adultos.

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Masculinidade tóxica

A pressão exercida sobre o sexo masculino para conter os seus sentimentos e não mostrar empatia para com os outros tem muitas consequências para rapazes e homens – tanto a curto como a longo prazo. Isso inclui frustração reprimida, depressão, distúrbios de conduta, isolamento, relacionamentos problemáticos e até violência.

Por outro lado, embora seja afirmado que esta cultura de masculinidade tóxica tenha tornado o mundo menos seguro para as mulheres, estas tendem a ter como factor protector as amizades mais próximas e de maior apoio. Isso geralmente torna as rapariga mais confortáveis ​​a compartilhar as suas experiências com bullying e mais dispostas a ajudar os amigos intimidados.

Crescer num mundo que exige que os rapazes mostrem-se fortes tem um impacto devastador sobre rapazes e homens, mas também sobre mulheres e raparigas. E, ao fazer crer aos rapazes que eles não podem ser vulneráveis , podemos estar a torná-los violentos.

Tanto os rapazes quanto os homens precisam saber que podem mostrar as suas emoções, pedir ajuda e ajudar os outros. Desta forma, os jovens precisam ser ensinados de que não podem tratar os outros com violência. E, da mesma forma, não devem aceitar ser tratados com violência – acabar com o silêncio, acabar com a violência.

Ao acabar com as diferentes mensagens que alimentam os comportamentos violentos ou solidários, isso pode ajudar a ter um impacto positivo sobre as intervenções anti-bullying , os esforços de igualdade de género e a saúde mental masculina. Mas, além disso, também pode ajudar a garantir que a próxima geração de homens e mulheres se sintam à vontade para falar sobre os seus sentimentos e entender o verdadeiro impacto que o comportamento violento e de bullying podem ter.

Artigo de , doutorada em Educação, Universidade de York. Original em Inglês e traduzido para português por Parentalidade Digital.

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