As crianças são apaixonadas pela natureza, mas nós fechamo-las em salas de aula.

As crianças são apaixonadas pela natureza, mas nós fechamo-las em salas de aula, dia após dia, horas atrás de horas. Onde mais elas poderiam estar se trabalhamos o dia todo?

As crianças adoram aprender por tentativa e erro, comprovar fazendo com que suas ações tenham consequência e razão de ser, mas pedimos que memorizem datas, pratiquem para expor e escrevam planos sem muito sentido. Estudar é assim, chato, mas elas que se acostumem.

As crianças gostam de pintar árvores azuis, rios roxos. Mas nós corrigimo-los para pintar tudo exactamente como é.  Academicamente, a imaginação é o menos importante.

As crianças adoram que sejam os pais a mostrar-lhe o mundo, mas passam dois dias por semana com eles. É para isso que pagamos às escola, aos centros de estudo, às creches.

As crianças adoram movimentar-se, mas optamos por pedir-lhes que fiquem sentados e quietos uma aula inteira e depois têm ginástica uma vez por semana. Quanto mais quietos, melhor.

As crianças gostam de conversar, mas raramente pedimos a sua opinião sobre as coisas que as envolvem. Quanto mais caladas, melhor.

As crianças gostam de tentar, mas acabamos fazendo as coisas por elas. É que estamos com pressa, não há tempo a perder.

As crianças gostam de fazer o que estão programadas para fazer, aprender com tudo os que as rodeia. O corpo é a base de todo a aprendizagem, a fala se desenvolve no vínculo com os pares e a autonomia no respeito pela sua iniciativa.

Observe como os seus filhos passam o dia, o quê e como aprendem em casa e na escola. Que a nossa própria rotina e as nossas ideias preconcebidas sobre a infância e educação não imobilizem a sua motivação natural para ser, aprender e, acima de tudo, florescer.

Texto de Naomi Toma, traduzido de forma livre por Parentalidade Digital.

 

O efeito das palavras cheias de cores e sonhos

Este é um texto de Laura Gutman que eu traduzi, de forma livre, do Espanhol para o Português.

A imagem de de destaque é uma ilustração muito bonita da autoria de Jone Leal.

Dizer às crianças que elas são lindas, amadas, bem-vindas, adoradas, generosas, nobres, bonitas, que são a luz de nossos olhos e a alegria de nossos corações; gera crianças ainda mais agradáveis, saudáveis, felizes e bem dispostas.

E não há nada mais agradável do que viver com crianças felizes, seguras e amorosas.

Não há razão para não exagerar nas  palavras cheias de cores e sonhos. Palavras bonitas podem não aparecer no nosso vocabulário, porque nunca as recebemos na nossa infância.

Nesse caso, temos que aprendê-las com tenacidade e vontade. Se fizermos esse trabalho agora, nossos filhos – quando forem pais – não terão que aprender esta lição. Porque surgirão das suas entranhas, com total naturalidade, as palavras mais bonitas e as frases mais gratificantes  para com os seus filhos.

E essas cadeias de palavras carinhosas se perpetuarão por gerações e gerações, sem que os nossos netos e bisnetos o notem, porque eles farão parte de sua genuína maneira de ser.

 

Não entendo porque a minha criança é tão difícil !?

Este é um texto de Naomi Toma  aqui traduzido de forma livre por Parentalidade Digital.

Embora possa ser “cómodo” colocar um rótulo, precisamos reaprender que não há criança realmente difícil.

A infância (quando não há situações de trauma) normalmente é naturalmente flexível, aberta ao espanto e pronta para receber opções.

Se lidar com um menino ou menina parece difícil, é muito provável que o difícil não seja o caráter dele, mas as circunstâncias em que ele cresceu ou a maneira como aprendeu a se relacionar com outras pessoas e / ou adultos.

Imagine o quão difícil pode ser para uma criança crescer longe de seus pais quando ambos trabalham, ou para ser sempre apressada, criticada (ou gritada!) Ou simplesmente para se sentir pouco ouvida no mundo adulto.

Em vez de atender a essas procuras de amor, nós, adultos, tendemos a focar no nosso desconforto, rotulá-las de difíceis, obstruindo o seu desenvolvimento livre e autêntico, afastando-nos delas, em vez de nos aproximarmos e conhecê-las um pouco mais com disposição e paciência.

Vamos tentar não classificar as crianças, porque corremos o risco delas se tornarem o que dizemos sobre elas. Vamos tratar as crianças como crianças, seres humanos com grande potencial e compreensão, mas que ainda não são adultos e que, portanto, precisam de nós e de nosso acompanhamento persistente para se sentirem seguras e motivadas a ‘comportar-se bem’.

Então, qual é a dificuldade de uma criança? É claro que não é fácil, mas cabe a nós optar por passar o dia exigindo ou renegando, ou pelo contrário, cultivando a calma para entender que, se uma criança se comporta de uma certa maneira (que os adultos classificam como negativa: birra, não ser capaz de ficar quieto ou silencioso etc.) é porque existe uma necessidade ou um sofrimento real por trás.

Não vamos ignorar ou sentenciar esses sinais, vamos tomá-los como a oportunidade de procurar maneiras novas e mais carinhosas de se relacionar.

Os benefícios psicológicos dos passatempos para as crianças e para adultos

Diferentes estudos comprovam os benefícios psicológicos dos passatempos, que são atividades de entretenimento ou lazer que envolvem um pequeno desafio mental. Além de serem muito importantes para os adultos, esses passatempos são fundamentais para as crianças.

Quando crianças, nossa capacidade de gerenciar a atenção é muito limitada. Ao longo dos anos, nosso “sistema operacional/executivo central” vai amadurecendo e esse controle aumenta. Por outro lado, temos a capacidade de reforçar ou aprimorar esses avanços através de diferentes estratégias.

Além disso, à medida que envelhecemos, renunciamos à diversão. De alguma forma, internalizamos que o tempo não produtivo é uma espécie de perda de tempo. Assim, caímos em uma espécie de obsessão, pela qual sempre temos que realizar atividades para o bem-estar do eu futuro, sacrificando gostos e desejos do eu presente.

No entanto, a ciência mostra que estamos errados ao considerar apenas o “sério” como importante, deixando o “divertido” como algo secundário e renegado apenas ao tempo livre.

Os benefícios psicológicos dos passatempos para as crianças e os adultos

Um estudo realizado e publicado por especialistas das Universidades do Texas, Pittsburgh e Kansas defende a hipótese de que as atividades prazerosas ​​estão associadas à boa saúde. Eles encontraram dados que apoiam a ideia de que os passatempos são excelentes para melhorar o estado psicológico e físico das crianças, assim como dos adultos.

Para chegarem a essa conclusão, os pesquisadores estabeleceram indicadores específicos nos jovens que passaram por esses testes para medir sua pressão sanguínea, seu índice de massa corporal e seu funcionamento psicológico. Depois disso, fizeram medições através de um teste para estabelecer o nível de participação em atividades de lazer.

Foi assim que encontraram evidências de que as pessoas que se divertiam mais com essas atividades de lazer eram mais propensas a se sentir saudáveis, tanto física quanto psicologicamente. Entre os benefícios que eles descobriram, estão:

Menor risco de desenvolver problemas psicológicos

Os passatempos, realizados de maneira regular, favorecem a redução dos problemas e um maior equilíbrio psicológico. Esses fatores levam ao que se considera felicidade. É por isso que os hobbies são tão importantes.

Melhoria do círculo social

A socialização infantil é importante principalmente a partir dos 6 ou 7 anos de idade, quando seus iguais se tornam figuras básicas do seu desenvolvimento como indivíduos.

Nesse caso, os passatempos são excelentes, principalmente quando consistem em atividades que exigem a participação de outras pessoas. Com isso, as crianças desenvolvem seu círculo social e ampliam suas amizades, pois, durante o tempo de diversão, são mais receptivas emocionalmente.

Redução do estresse

O estresse que a criança pode sentir pelo excesso de tarefas e obrigações diminui com os passatempos e o tempo livre dedicado ao lazer. Observa-se a mesma tendência em adultos, que, além disso, se tornam menos propensos a sofrer de depressão.

Sono de maior qualidade

As crianças podem dormir melhor graças aos passatempos. De acordo com o estudo citado, apenas as crianças que não tinham muito tempo livre apresentaram problemas para conciliar o sono e desfrutar de um bom descanso.

Contribuição para a felicidade

Em geral, o estudo mencionado e muitos especialistas concluem que os passatempos são instrumentos perfeitos para gerar uma maior felicidade.

Graças a esses entretenimentos durante o tempo livre, as crianças enchem suas vidas de sentido, alcançando um desenvolvimento mais satisfatório e uma existência muito mais completa.

Melhor desempenho escolar

É claro que, graças ao tempo livre e à diversão com o uso de passatempos, as crianças demonstram uma maior capacidade de concentração, o que aumenta sua produtividade acadêmica.

As crianças, graças aos passatempos, se recuperam melhor das demandas da escola. Além disso, ganham motivação para aprender novas habilidades, desenvolvem uma capacidade criativa mais positiva e se mostram mais colaborativas com colegas, professores e monitores.

Considerando todo o exposto acima, parece estar comprovado que os benefícios psicológicos dos passatempos para as crianças são claros e eficientes. Portanto, são atividades que vale a pena promover entre os pequenos.

Com isso, devemos identificar os passatempos favoritos das crianças e incentivá-los. Nunca devemos pensar que eles são uma maneira de perder tempo. Essas desconexões são atividades fantásticas que aprimoram as habilidades das crianças e que têm recompensas muito claras, como pudemos verificar.

 

Texto publicado em La mente es maravillosa aqui traduzido para português.

Os efeitos tóxicos de educar com humilhação

Este é um artigo de Rebecca Eanes, publicado no site,  Creative Child, traduzido para português de forma livre por Parentalidade Digital.

Pode ler o aqui o original em inglês.

Há muito que a vergonha é exercida como uma ferramenta poderosa para modificar o comportamento de uma criança. Quando levadas a sentir-se indignas, as crianças geralmente se esforçam mais para agradar aos pais, dando a ilusão de que estão “funcionando”, mas esses sentimentos de inutilidade causam cicatrizes profundas que podem levar uma vida inteira para sarar.

A vergonha inclui comentários verbais como “pare de agir como um bebé”, “seu filho travesso” e “você é tão estúpido?” bem como a infeliz tendência de vergonha pública e humilhação nas redes sociais.

O auto-conceito em desenvolvimento

O auto-conceito é a imagem que possuímos de nós mesmos – de nossas habilidades, nossa natureza, qualidades e comportamento típico. Isso é formado nos nossos primeiros anos pelo que ouvimos sobre nós mesmos através daqueles que são mais próximos de nós.

Em essência, as crianças passam a ver-se da maneira que os seus pais e cuidadores as vêem. Portanto, quando recebem constantemente a mensagem de que são “más”, “malcriadas” ou “estúpidas” ou que “agem como um bebé”, essa mensagem é internalizada.

Como o auto-conceito determina o comportamento, as crianças irão demonstrar como se sentem por dentro. Uma criança que se considera má exibirá, portanto, mau comportamento, fazendo com que os pais adicionem mais uma critica humilhatória num esforço para controlá-la. O ciclo perpetua-se.

O caminho mais fácil

Temos o hábito de reduzir as crianças a nada além do comportamento, e tratamos apenas o comportamento que vemos, em vez de tratar o ser humano por de trás do comportamento.

Quando estamos focados apenas em tratar o comportamento, podemos ser rápidos em distribuir punições ou usar táticas de vergonha para obter conformidade.

Quando estamos focados no tratamento do ser humano, somos capazes de ter empatia, ensinar e orientar a criança para um melhor comportamento.

Essa é obviamente uma abordagem mais saudável, mas é preciso mais tempo e esforço.

A vergonha é rápida e muitas vezes eficaz, por isso não se deixe ir pelo caminho mais fácil. Há um ser humano valioso e digno por trás desse comportamento.

O custo da vergonha

A vergonha não diminui o comportamento; diminui o eu. Por sua vez, isso poderá afetar o comportamento, mas a que custo? De acordo com bons filhos – a que preço? O custo secreto da vergonha  de Robin Grille e Beth McGregor, numerosos estudos associam a vergonha ao desejo de punir os outros.

Indivíduos envergonhados são mais propensos a serem agressivos e exibem comportamento autodestrutivo.

A vergonha faz com que as pessoas se afastem dos relacionamentos, tornam-se isoladas e compensam sentimentos profundos de vergonha com atitudes de superioridade, intimidação, autodepreciação ou perfeccionismo obsessivo.

Quando a vergonha é grave, pode contribuir para a doença mental.

Em vez de envergonhar

Existem várias maneiras de ensinar as crianças sem agredi-las ou humilhá-las. Estas alternativas foram retirados do blog Positive Parenting Connection de Adriane Brill e traduzido para português pela Plataforma Família.

  1. Faça uma pausa junto da criança: a chave é fazer isso com o seu filho, antes que as coisas saiam do controle. Se o seu filho está num momento difícil ou está a fazer escolhas inseguras, como bater em algum colega, encontre um espaço tranquilo para fazer uma pausa em conjunto. Apenas cinco minutos para vocês se conectarem, para ouvir o que seu filho está sentindo e falar sobre as escolhas mais apropriadas, são coisas que realmente ajudam. Isto é semelhante ao que se chama de time in, um momento de acolhimento onde os pais trazem o filho para perto, ao invés de provocar afastamento.
  2. Segundas chances: todos já cometemos um erro e nos sentimos aliviados por ter uma nova chance para tudo outra vez. Ou não? Muitas vezes, deixar que as crianças tentem novamente permite-lhes resolver o problema ou mudar seu comportamento. ”Eu não te posso deixar espalhar a cola na mesa inteira, mas queres tentar fazer isso de novo no papel?”
  3. Resolva o problema em conjunto: se existe um problema e seu filho tem um comportamento causado por frustração, dar a oportunidade de ele falar sobre o problema e ouvir a solução que ele tem pode mudar as coisas para melhor.
  4. Pergunte: às vezes, os nossos filhos fazem certas coisas, e nós não entendemos muito bem essas coisas. Nós podemos supor incorretamente que eles estão a fazer alguma coisa “ruim” ou a ser “desobedientes” quando, na verdade, eles estão a tentar entender como alguma coisa funciona. Pergunte o que eles estão a fazer com a intenção de ouvir e entender em primeiro lugar e, então, ajude-os dando a saída adequada ou uma informação que está em falta. Em outras palavras, tente “O que é que estás a tentar fazer?” ao invés de: “Por que diabos estás… Aaaah!!! Já pro quarto!”
  5. Leia uma história: outra ótima maneira de ajudar os filhos a entender como fazer escolhas melhores é lendo histórias com personagens que que também cometem erros, ou que passam por sentimentos intensos, ou que necessitem de ajuda para fazer escolhas melhores. Além disso, ler para os filhos pode ser uma forma muito positiva de se reconectar e dirigir a nossa atenção para os nossos filhos.
  6. Bichinhos e brincadeiras: as crianças pequenas adoram ver fantoches ou bonecas ganhar vida para ensinar lições positivas. “Olá, eu sou o ursinho e oh…parece que este chão está todo rabiscado. Estou voando para a cozinha para pegar uma esponja para limparmos o chão juntos. Vens comigo!” E depois de limpamos juntos: “Ah, agora vamos buscar um pouco de papel, para me fazeres um desenho no papel? O papel é para desenhar e colorir com lápis de cor!”
  7. Dê duas opções: vamos dizer que seu filho está a fazer algo completamente inaceitável. Ofereça-lhe duas alternativas que são seguras, respeitosas e aceitáveis, e deixe que ele escolha o que ele vai fazer a partir daí. Ao receber duas opções, a criança pode manter algum controle sobre as suas decisões e ainda aprender sobre limites.

 

Onze medidas para manter as crianças seguras em casa em tempos de Covid-19 e não só!

A APSI – Associação para a Promoção da Segurança Infantil partilhou um conjunto de onze recomendações para manter as crianças, principalmente do grupo etário até aos 4/5 anos, mais seguras e evitar os acidentes domésticos durante o período de isolamento social provocado pela pandemia de covid-19.

  • Garanta que todas as janelas e portas de acesso a varandas possuem um limitador de abertura que não abra mais do que 9 cm. Desta forma poderá manter a casa arejada sem correr o risco de que a criança possa cair
  • Não deixe móveis, cadeiras ou brinquedos na varanda ou por baixo de janelas. As crianças podem usá-los para subir e debruçarem-se
  • Não transporte sopa ou outros líquidos quentes quando os menores estão por perto
  • Guarde todos os produtos de limpeza imediatamente após a sua utilização em armários altos ou locais trancados
  • Despeje a água dos baldes logo depois de limpar a casa
  • Confirme que as estantes e armários estão bem fixos à parede

É normal que as crianças mais velhas e os adolescentes queiram participar nas tarefas domésticas e ser mais autónomos. Ora, aqui está uma boa oportunidade de os ensinar a fazê-lo em condições de segurança:

  • Acender fósforos de dentro para fora, cortar alimentos para cozinhar com a lâmina afastada dos dedos, ou usar pequenos eletrodomésticos com as mãos bem enxutas
  • Secar o cabelo no quarto e nunca na casa de banho
  • Colocar sempre o tapete antiderrapante na banheira ou no poliban
  • Não sobrecarregar as fichas elétricas com vários aparelhos eletrónicos
  • Não se sentarem ou baloiçarem em parapeitos e varandas

Para esclarecimento de  dúvidas sobre regras de segurança em casa, as famílias podem contactar a APSI através do email apsi@apsi.org.pt ou através das páginas da Associação no Facebook e Linkedin.