Como os rapazes e as raparigas têm uma visão diferente sobre a violência

Mulheres participam numa marcha de protesto para sobreviventes de agressão sexual, em Hollywood, Los Angeles.
Mulheres participam numa marcha de protesto para sobreviventes de agressão sexual, em Hollywood, Los Angeles. Imagem Reuters

Se tivermos em conta as respostas ao artigo Cat Person, artigo que se tornou viral, fica claro que as pessoas vêem o abuso e a violência de forma diferente.

Homens e mulheres muitas vezes discordam sobre o que é considerado um comportamento violento e o que é considerado uma interação humana normal. E por causa disso, às vezes,  as mulheres que falam sobre o abuso são acusadas de exagerar ou procurar atenção .

Isto acontece especialmente no mundo online – onde as utilizadoras das redes sociais, como o Twitter e o Facebook, podem ser ameaçadas ou assediadas, com poucas ou nenhumas consequências para as pessoas que as atacam.

Muito disto vem de encontro a pesquisas que mostram que homens e mulheres tem diferentes percepções do que é violência. Desta forma, os homens são muito mais propensos a cometer actos violentos do que as mulheres – e essas diferenças de género geralmente começam na infância.

Violência na infância

Pesquisa sobre o comportamento de bullying descobriu que os rapazes são mais propensos a intimidar e as raparigas são mais propensas a defender os colegas intimidados. Os rapazes são mais propensos a pensar em bullying como uma parte normal da interação entre crianças enquanto que as raparigas são mais propensas a identificar o bullying como comportamento inadequado e inaceitável.

As pesquisas mostram que essa visão torna as vítimas masculinas de bullying particularmente vulneráveis, já que elas acham que não podem pedir ajuda, e os seus amigos do sexo masculino não devem oferecer ajuda. Estudantes masculinos são muitas vezes empurrados a aceitar o bullying como “brincadeira” e não levá-lo muito a sério.

Talvez não seja surpreendente, então, que ser intimidado pode levar as crianças a desenvolverem problemas de saúde mental. E, no lado oposto, a pesquisa também mostrou que os agressores são mais propensos a praticar comportamentos violentos e autodestrutivos, em adultos.

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Masculinidade tóxica

A pressão exercida sobre o sexo masculino para conter os seus sentimentos e não mostrar empatia para com os outros tem muitas consequências para rapazes e homens – tanto a curto como a longo prazo. Isso inclui frustração reprimida, depressão, distúrbios de conduta, isolamento, relacionamentos problemáticos e até violência.

Por outro lado, embora seja afirmado que esta cultura de masculinidade tóxica tenha tornado o mundo menos seguro para as mulheres, estas tendem a ter como factor protector as amizades mais próximas e de maior apoio. Isso geralmente torna as rapariga mais confortáveis ​​a compartilhar as suas experiências com bullying e mais dispostas a ajudar os amigos intimidados.

Crescer num mundo que exige que os rapazes mostrem-se fortes tem um impacto devastador sobre rapazes e homens, mas também sobre mulheres e raparigas. E, ao fazer crer aos rapazes que eles não podem ser vulneráveis , podemos estar a torná-los violentos.

Tanto os rapazes quanto os homens precisam saber que podem mostrar as suas emoções, pedir ajuda e ajudar os outros. Desta forma, os jovens precisam ser ensinados de que não podem tratar os outros com violência. E, da mesma forma, não devem aceitar ser tratados com violência – acabar com o silêncio, acabar com a violência.

Ao acabar com as diferentes mensagens que alimentam os comportamentos violentos ou solidários, isso pode ajudar a ter um impacto positivo sobre as intervenções anti-bullying , os esforços de igualdade de género e a saúde mental masculina. Mas, além disso, também pode ajudar a garantir que a próxima geração de homens e mulheres se sintam à vontade para falar sobre os seus sentimentos e entender o verdadeiro impacto que o comportamento violento e de bullying podem ter.

Artigo de , doutorada em Educação, Universidade de York. Original em Inglês e traduzido para português por Parentalidade Digital.

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