Cápsula do tempo – Uma tradição para o Ano Novo

capsula do tempo em familia

 

As crianças crescem e mudam tão depressa. Todos os anos, elas conhecem pessoas novas, aprendem coisas novas e crescem a passos largos, fisicamente, emocionalmente e mentalmente. Uma maneira divertida de preservar as melhores lembranças de cada ano e documentar os gostos, interesses, conquistas, altura, etc. de sua criança, é fazer uma cápsula do tempo a cada véspera de Ano Novo. É como um instantâneo do ano – congelando essas lembranças felizes a tempo de saborear nos próximos anos. Todos vocês vão gostar de olhar para trás a cada ano para ver o quanto eles cresceram.

Material necessário:

  • Um recipiente, como um frasco grande, uma caixa de sapatos ou uma lata de bolachas.
  • Fita métrica.
  • Papel de embrulho, fita, marcadores e cola para decorar o recipiente.
  • Lembranças e bugigangas dos lugares visitados.
  • Fotos.
  • Lápis e papel.
  • Cartolina.

 

Passo 1

Decore a sua cápsula de tempo. Pode ser simples como uma fita com uma etiqueta, que indica o ano, amarrada à tampa do franco ou uma mais elaborada como por exemplo uma caixa de sapatos decorada com papel de embrulho/ purpurinas / ‘jóias’ coloridas.

Passo 2

Desenhe o contorno da mão e a pegada do seu filho num cartão. Corte-os, date-os e coloque-os na cápsula do tempo.

Passo 3

Meça a altura do seu filho com a fita métrica. Registre a medida ou corte a fita métrica na altura do seu filho e enrole-a para colocar na cápsula.

Passo 4

Coloque as suas fotos favoritas do ano na cápsula. Certifique-se de incluir fotos de eventos especiais como aniversários e férias, juntamente com fotos do seu filho com os seus amigos, avós e outras pessoas especiais da sua vida, incluindo você!

Passo 5

Numa folha de papel, peça ao seu filho que escreva as suas memórias favoritas do ano e outras informações sobre ele. Pode incluir o filme favorito do ano, o nome do melhor amigo, o livro favorito, algo novo aprendido este ano e um objetivo para o novo ano. Há muitas ideias disponíveis online. Basta procurar por “time capsule printables”.

Passo 6

Coloque na caixa lembranças, bugigangas, recortes de jornais ou qualquer outra coisa que comemore o ano que passa. Sele a caixa.

Passo 7

Guarde ou enterre a sua cápsula do tempo até a próxima passagem de ano.

Todos os anos, na véspera de Ano Novo, depois de fazer a sua nova cápsula de tempo, vá buscar a cápsula do ano passado e abra-a. Veja quão maiores são as mãos e os pés dos seus filhos. Quanto eles cresceram num ano? as suas coisas favoritas mudaram? Aposto que você e seu filho ficarão maravilhados com a diferença de um ano.

 

Texto de Rebecca Eanes, fundadora da  positive-parents.org  e criadora da  Positive Parenting: Toddlers and Beyond. Traduzido para português, de forma livre, por Parentalidade Digital.

Vitamina N – O seu filho pode estar a precisar

menina com uma folha de outono

A vitamina N faz uma certa mágica com crianças: ela transforma galhos em espadas, folhas em moedas de ouro, flores viram coroa de princesa e lama vira bolo de chocolate! Os efeitos dessa mágica se estendem na vida adulta, pois pesquisas mostram que crianças que brincam na natureza tendem a usar mais a imaginação e se tornam adultos mais criativos.

Vitamina N, o seu filho pode estar a precisar. Ele pode estar com falta de vitamina N. 

E você também. E muito provavelmente estão mesmo! Mas por que a vitamina N é importante? Nas crianças, ela ajuda no desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo. Nos adultos, essa vitamina colabora para uma melhor qualidade de vida, pode reduzir ansiedade, estimular criatividade, repor energias e abrir uma porta para a conexão com o mundo espiritual ou alguma crença/religião. Pois é, uma só vitamina tem todas essas propriedades. Mas de onde ela vem? Como adquiri-la? Eu explico: Vitamina N foi um conceito que o jornalista e escritor norte-americano Richard Louv criou para expressar os benefícios do contato com a natureza para os seres humanos, especialmente as crianças.

A vitamina N faz uma certa mágica com crianças: ela transforma galhos em espadas, folhas em moedas de ouro, flores viram coroa de princesa e lama vira bolo de chocolate! Os efeitos dessa mágica se estendem na vida adulta, pois pesquisas mostram que crianças que brincam na natureza tendem a usar mais a imaginação e se tornam adultos mais criativos. Sim, o contato com a natureza possui todas as qualidades descritas acima e muitas outras. O que nos tempos antigos acontecia “naturalmente” (em ambos sentidos da palavra) hoje não é mais comum.  A infância era permeada por brincadeiras que envolviam subir em árvores, mexer na terra, na areia e correr por amplos espaços rodeados de paisagem verde. Hoje em dia isso é luxo!

Outra mágica da vitamina N: ela facilita interações sociais positivas. Estudos comprovam que há menos conflitos entre crianças, quando estas brincam juntas na natureza. A magia continua: aqueles que brincam ao ar livre usam seu corpo mais intensamente e, consequentemente, aprimoram suas funções do equilíbrio e de coordenação motora. E agora lhes apresento minha mágica favorita: crianças com problemas de déficit de atenção são mais capazes de se concentrar após passarem um tempo brincando na natureza! Inclusive, estudos mostram que doses de Ritalina (droga indicada para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade )  podem ser reduzidas ou até eliminadas, se a vitamina N é suficientemente ingerida pelo indivíduo.

São inúmeros os benefícios da vitamina N e hoje a neurociência está aí como aliada para comprová-los! Não é preciso dizer que o excesso de TV, I-pad, videogame, celular, atividades em salas fechadas e a vida urbana em geral inibem a ingestão de vitamina N. Obesidade infantil, depressão infantil, déficit de atenção, ansiedade, são apenas algumas complicações oriundas da combinação falta de vitamina N e excesso de ‘toxina S’. Toxina o quê? Toxina S. Acabei de criar esse termo, e ele significa ‘sedentarismo’.

Mas… Onde encontrar essa vitamina em uma cidade grande? Há os que acham que ela é rara e só pode ser encontrada na Amazônia, no Pantanal ou em lugares especiais como estes. Mas a natureza, com sua vitamina N, está muito mais disponível do que se imagina. Ela está à nossa volta, basta observarmos melhor. Caminhar em praças ou parques; cultivar jardins e canteiros; fazer hortas caseiras e jardins verticais são alguns exemplos de como adquirir essa vitamina em cidades grandes. Façam uso desses recursos e sintam na pele (e na alma!) os benefícios dessa vitamina! Aproveitem!

 

Texto de ANA LÚCIA MACHADO – Educadora e escritora. Autora do livro “Clarear – a Pedagogia Waldorf em debate”.

Publicado no site Educando tudo muda.

Uma criança saudável é espontânea, barulhenta, inquieta, emotiva e colorida!

Criança a brincar num mundo colorido

Um artigo da psicologa Raquel Aldana, publicado no site la mente es maravillosa, também ele maravilhoso, aqui traduzido para português. Pode consultar o original, em espanhol, aqui.

Uma criança não nasce para ficar quieta, para não tocar nas coisas, ser paciente ou entreter-se. Uma criança não nasce para ficar sentada a ver televisão ou a jogar no tablet. Uma criança não quer ficar quieta o tempo todo.

Crianças precisam de se mover, navegar, procurar notícias, criar aventuras e descobrir o mundo ao seu redor. Elas estão a aprender,  jogadores natos, caçadores de tesouros, terramotos em potencial.

Elas são livres, almas puras que buscam a voar, não ficar de lado. Não as façamos escravas da vida adulta, da pressa e da falta de imaginação dos mais velhos.

Não as apressemos no nosso mundo de desencanto. Impulsionemos o seu sentimento de maravilha, garantindo-lhes uma vida emocional, social e cognitiva rica em conteúdo, perfume das flores, expressão sensorial, felicidade e conhecimento.

O que acontece no cérebro de uma criança quando brinca?

Os benefícios das brincadeiras para as crianças estão presentes em todos os níveis (fisiológicos-emocionais, comportamentais e cognitivos), isso não é um mistério. Na verdade, podemos falar de múltiplas repercussões:

  • Regula o humor e ansiedade.
  • Promove a atenção, aprendizagem e memória.
  • Reduz o stress, favorecendo a calma neuronal, bem-estar e felicidade.
  • Amplia a sua motivação física, graças à qual os músculos reagem impulsionando-as a brincar.
  • Tudo isso promove um estado óptimo de imaginação e criatividade, ajudando-as a apreciar a fantasia do que as rodeia.

A sociedade tem alimentado a hiperparentalidade, que é a obsessão dos pais para que seus filhos tenham habilidades específicas para assegurar uma boa profissão no futuro. Esquecemo-nos, como sociedade e como educadores, que o valor das crianças não é definido por uma nota na escola e que com os esforços para priorizar os resultados, negligenciamos as habilidades para a vida.

“O valor das nossas crianças é que desde pequenas precisam que as amemos de forma independente, elas não são definidas pelas suas realizações ou fracassos, mas por serem elas mesmas, únicas por natureza. Quando somos crianças, não somos responsáveis por aquilo que recebemos na infância, mas, quando adultos, somos inteiramente responsáveis por corrigi-lo.”

Simplificar a infância, educar bem

Dizemos sempre que cada pessoa é única, mas temos isso pouco interiorizado. Isso reflecte-se num simples facto: estabelecer um conjunto de regras para educar todos os nossos filhos.

Na verdade, esse é um equívoco generalizado que não é de todo coerente com o que acreditamos ser claro (que cada pessoa é única). Portanto, não é de se estranhar que a confluência de nossas crenças e ações resultem em confusão na criança.

Por outro lado, como afirma Kim Payne, professor e conselheiro estadounidense, estamos criando as nossas crianças com excesso de quatro pilares:

  • Muita informação.
  • Muitas coisas.
  • Muitas opções.
  • Muita velocidade.

Impedimo-las de explorar, refletir ou aliviar as tensões que acompanham a vida quotidiana. Enchemo-las de tecnologia, brinquedos e atividades escolares e extracurriculares, distorcemos a infância e, o que é pior, impedimo-las de brincar e se desenvolver.

Hoje em dia as crianças passam menos tempo ao ar livre do que as pessoas que estão na prisão. Porquê? Porque nós as mantemos “entretidas e ocupadas” em outras atividades que acreditamos mais necessárias, tentando fazer com que permaneçam imaculadas e sem manchas nas roupas. Isto é intolerável e, acima de tudo, extremamente preocupante. Consideremos algumas razões pelas quais devemos mudar isso …

  • Higiene excessiva aumenta a probabilidade de que as crianças desenvolvam alergias, como mostra um estudo do Hospital de Gotemburgo, Suécia.
  • Não lhes permitimos desfrutar do ar livre é uma tortura que limita seu desenvolvimento potencial criativo.
  • Mantê-las “agarradas” ao telemóvel, tablet, computador ou televisão é altamente prejudicial para nível fisiológico, emocional, cognitivo e comportamental.

Poderíamos continuar, mas neste momento a maioria de nós já encontrou inúmeras razões pelas quais está a destruir a magia da infância. Como o educador Francesco Tonucci diz:

“A experiência das crianças deveria ser o alimento da escola: sua vida, suas surpresas e descobertas. O meu professor fazia-nos sempre esvaziar os bolsos na sala de aula, porque estavam cheios de testemunhas do mundo exterior: bichos, cordas, cartas… Bem, hoje devem fazer o oposto, pedir às crianças para mostrarem o que carregam em seus bolsos. Desta forma, a escola se abriria para a vida, recebendo as crianças com os seus conhecimentos e trabalhando em torno deles”

Esta certamente é uma maneira muito mais saudável de trabalhar com elas, educá-las e assegurar o seu sucesso. Se esquecermos isso em algum momento, devemos ter bem presente o seguinte: “Se as crianças não precisam de um banho urgente, não brincaram o suficiente.” Esta é a premissa fundamental de uma boa educação.

Fonte: La mente es maravillosa

Trate os seus filhos com cuidado porque são feitos de sonhos

A infância tem o seu próprio ritmo, a sua própria maneira de sentir, ver e pensar. Poucas pretensões podem ser tão erradas como tentar substituí-la pela forma como nos sentimos, vemos ou pensamos, porque as crianças nunca serão cópias dos seus pais. As crianças são filhas do mundo e são feitas de sonhos, esperanças e ilusões que se acumulam nas suas mentes livres e privilegiadas.

Há alguns meses saiu uma notícia que nos desconcerta e nos convida a refletir. No Reino Unido, muitas famílias preparam as suas crianças de 5 anos para que aos 6 possam fazer um teste, que lhes permite ter acesso às melhores escolas. Um suposto “futuro promissor” pode causar a perda da infância.

De que adianta uma criança saber os nomes das luas de Saturno, se não sabem como lidar com a sua tristeza ou raiva? Eduquemos crianças sábias nas emoções, crianças cheias de sonhos, e não de medos.

Hoje em dia, muitos pais continuam com a ideia de “acelerar” as habilidades de seus filhos, de estimulá-los cognitivamente, colocá-los para dormir ao som de Mozart enquanto ainda estão no útero. Pode ser que essa necessidade de criar filhos aptos para o mundo esteja a educar filhos aptos apenas para si mesmos. Criaturas que com apenas 5 ou 6 anos sofrem o stress de um adulto.

desenho de menina a pilotar avião de brincar
Autora: Karin Taylor

Os nossos filhos e a competitividade do ambiente

Todos sabemos que nas sociedades em mudança e competitivas são necessárias pessoas capazes de se adaptarem a todas as exigências. Também não temos dúvidas de que crianças britânicas que conseguem entrar nas melhores escolas, conseguirão amanhã um bom trabalho. No entanto, também é necessário perguntar …

 

Terá valido a pena todo o custo emocional? O perder a infância? O seguir as orientações de seus pais desde os 5 anos?

As crianças são feitas de sonhos e devem ser tratadas com cuidado. Se lhes dermos obrigações de adultos enquanto ainda são apenas crianças, arrancamos-lhes as asas, fazendo-as perderem a sua infância.

Respeitar o tempo, o afeto e os sonhos

A nossa obrigação mais importante é dar às crianças um “raio de luz”, para depois seguirmos o nosso caminho. – Maria Montessori

A curiosidade é a maior motivação do cérebro de uma criança, por conseguinte, é conveniente que os pais e educadores sejam facilitadores de aprendizagem, e não agentes de pressão. Vejamos agora abordagens interessantes sobre a  parentalidade que respeita os ciclos naturais da criança e suas necessidades.

Pais sem pressa – Slow Parenting

O “Slow Parenting” (pais sem pressa) é um verdadeiro reflexo dessa corrente social e filosófica que nos convida a desacelerar, a sermos mais conscientes do que nos rodeia. Portanto, no que se refere à criança, promovemos  um modelo mais simplificado, de paciência, com respeito aos ritmos da criança em cada fase de desenvolvimento.

 

Os eixos básicos que definem o Slow Parenting serão:

  • A necessidade básica de uma criança é brincar e descobrir o mundo;
  • Nós não somos “amigos” de nossos filhos, somos suas mães e pais. Nosso dever é amá-los, orientá-los, ser seu exemplo e facilitar a maturidade sem pressão;
  • Lembre-se sempre de que “menos é mais”. Que a criatividade é a arma dos filhos, um lápis, papel e um campo têm mais poder do que um telefone ou um computador;
  • Compartilhe tempo com seus filhos em espaços tranquilos.

Parentalidade respeitadora / consciente

Embora o mais conhecido desta abordagem seja o uso de reforço positivo sobre a punição, este estilo educativo inclui muitas outras dimensões que valem a pena conhecer.

  • Devemos educar sem gritar.
  • O uso de recompensas nem sempre é apropriado: corremos o risco de nossos filhos se acostumarem a esperar sempre recompensas, sem entenderem os benefícios intrínsecos do esforço, realização pessoal.
  • Dizer “não” e estabelecer limites não vai gerar nenhum trauma, é necessário.
  • O forte uso da comunicação, escuta e paciência. Uma criança que se sente cuidada e valorizada é alguém que se sente livre para manter os sonhos da infância e moldá-los até a idade adulta.

Respeitemos a sua infância, respeitemos essa etapa que oferece raízes às suas esperanças e asas às suas expectativas.

Fonte: La mente es maravillosa

De joelho esfolado e sorriso na cara!

Menino a brincar na natureza

Se depois de brincar, a criança precisar de um banho urgente é de certeza uma criança feliz.

Uma criança não nasce para ficar sentada um dia inteiro, quer seja numa sala de aula, a ver televisão ou a jogar consola. Uma criança precisa de espaço para brincar, para imaginar mundos de fantasia com os amigos, para descobrir  o mundo que a rodeia.

As crianças saudáveis são barulhentas, sonhadoras, andam sempre com os joelhos esfolados e com as calças sujas de relva. As crianças saudáveis são curiosas, querendo sempre saber o “porquê”.

É tão estranho que as crianças, até entrarem nas escolas, estejam constantemente na idade dos “porquê” e, assim que entram, parecem sair precipitadamente dela — a escola devia ser quem mais incentiva o “porquê”.

-Eduardo sá –

A importância de brincar

Actualmente é mais que reconhecida a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional, cognitivo e físico da criança.

As vantagens de brincar verificam-se a vários níveis [1]:

  • Em contraste com o entretenimento passivo, o brincar cria corpos ativos e saudáveis[2].
  • Intelectualmente, estimula a aquisição de competências, treino da atenção e capacidade de resolução de problemas .
  • No plano emocional e social, brincar proporciona diversas situações em que é testada a relação com os pares, permitindo desenvolver a resiliência. Além disso, ao transferir para a brincadeira objectos ou fenómenos da realidade externa, a criança constrói as bases para a compreensão de si própria e do mundo , expressando os seus medos e frustrações, mas também a sua criatividade.
  • Brincar é uma forma privilegiada de interacção entre pais e filhos, facilitando a comunicação e a cumplicidade.
  • Brincar ao ar-livre, meter as mãos na terra, fortalece o sistema imunológico e reduz a probabilidade de adquirir alergias. [3]

 

Apesar dos benefícios derivados do brincar para as crianças e os pais, o tempo de brincadeira livre foi marcadamente reduzido. Os pais estão cada vez obcecados com o sucesso, as notas, os trabalhos. As brincadeiras  espontâneas e livres não cabem nas agendas cheias de actividades extra-curriculares e deveres escolares.

«Desde cedo as crianças são expostas a brinquedos, vídeos, livros e computadores, concebidos para assegurar que são adequadamente estimuladas. O stress e a ansiedade aliados a este perfeccionismo e exigência podem ter consequências graves no futuro».

-Sociedade Portuguesa de Pediatria-

Abrandar e simplificar

Estamos a criar as nossas crianças com muitas coisas, muitas actividades, muita informação mas com muito pouco tempo. «Impedimos-las de explorar, refletir ou aliviar as tensões que acompanham a vida quotidiana. Enchemo-las de tecnologia, brinquedos e atividades escolares e extracurriculares, distorcemos a infância e, o que é pior, impedimos-las de brincar e se desenvolver» [4] .

Há quanto tempo não leva a sua família a passear na natureza? Não estou a falar em desbravar uma qualquer floresta, ou fugir de leões na savana africana. Estou e referir-me a ir à praia apanhar conchas, ou ao parque procurar pequenos bichinhos e folhas de várias cores. Ir brincar para o jardim, apanhar pedrinhas ou flores.

Precisamos  de abrandar e simplificar. Precisamos de deixar que  as nossas crianças brinquem, saltem, corram e que cheguem a casa sujas e com os joelhos arranhados!

 

Fontes:

[1] Marta Póvoas et al. , Sociedade Portuguesa de Pediatria, “O brincar da criança em idade pré-escolar”;

[2] Kenneth R. Ginsburg, AAP, “The Importance of Play in Promoting Healthy Child Development and Maintaining Strong Parent-Child Bonds”

[3] Anthony Wong, pediatra, diretor do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

[4]  Raquel Aldana, “Un niño sano es espontáneo, ruidoso, inquieto, emotivo y colorido”

Uma criança que lê, será um adulto que pensa

Menina a sonhar, deitada sobre livros

É importante fomentar a leitura em qualquer idade, mas é na infância que essa importância é fundamental.

Uma criança que lê um livro, ou que tem contacto com a leitura, principalmente se for acompanhada pelos pais, terá garantidamente um futuro melhor.

Pesquisas mostram que:

  •  a leitura aumenta as capacidades de aprendizagem e comunicação;
  • através da leitura a criança desenvolve a criatividade e a imaginação;
  • aumenta a capacidade de compreensão do mundo e o sentido critico para questionar o que a rodeia.
Autor: Cyril Rolando

Uma criança que lê é um viajante incansável.

Um livro transporta as crianças por outro mundos. Envolve-os em aventuras sem fim. Dá-lhe a conhecer outras culturas e outros países.
Uma criança que lê nunca está presa. Por meio dos livros a criança cria lugares, personagens, histórias. A sua criatividade e imaginação transporta-os em viagens sem fim.

Estamos rodeados de novas tecnologias, onde todas as informações, músicas, filmes e ebooks podem ser encontrados na internet. Há muitos que pensam que o livro é coisa do passado.

Mas, para quem tem mesmo prazer em ler, “quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar” (Eline Castro, 2008), sabe que não há tecnologia no mundo que substitua o “prazer de tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento” (Eline Castro, 2008).