Mamã, eu sou bonita?

Texto de Taylor Prescott traduzido, de forma livre, por Parentalidade Digital.

“Mamã, eu sou bonita?”, Perguntou a minha filha de cinco anos, com o seu cabelo ruivo, olhos atentos e carinhosa.

A sua pergunta: “Mamã, eu sou bonita?”, imobilizou-me. Ficou suspensa no ar, numa manhã agitada de escola, a meio do turbilhão de preparar a lancheira do almoço e atar os atacadores. O peso da sua pergunta atingiu-me como o martelo de Thor, partindo as costelas e indo directa ao coração.

“Mamã, eu sou bonita?”

“Fofinha, tu és muito mais do que bonita. Tu és carinhosa. Tu és inteligente. O teu coração brilha como ouro ao sol e o teu sorriso aquece o mundo “.

“Mas eu sou bonita?” Ela tem aquele olhar. Nele, vejo um reflexo de mim própria quando estou frustrada. É o mesmo olhar que, com toda a certeza, a minha própria mãe viu muitas vezes.

“Porque perguntas?”

“Porque eu tenho que ser bonita”.

O mundo parou. As farpas do mundo de repente começaram a destruir a fortaleza que eu pensei ter criado. Esta grande fortaleza foi projetada para protegê-la da ideia de que o valor de uma menina se mede pelo que tem vestido ou pelo seu aspecto.

“Mamã, por favor. Diz-me que sou bonita.”

Eu ponho-me joelhos, apesar de saber que temos pouco tempo e que a escola está quase a começar. “Tu és linda. Tu és linda por tudo o que sei que tu podes fazer. Tu és forte, engraçada e inteligente. Sim, tu és bonita. Mas isso não é o mais importante. “

“Mas um menino disse que era”.

O medo maternal saiu do seu eixo, transformando-se em fúria, fúria que tive de engolir, porque a minha filha tem cinco anos e não entende palavras como “patriarcado”. Esse menino sem rosto de repente parecia com cada homem que comentou a minha aparência como se fosse a única coisa que eu tenho que eles valorizam. O seu rosto tornou-se o rosto de cada homem que disse que a beleza é tudo o que eu poderia oferecer.

“Ouve-me, Pequenina. Na próxima vez que um menino te disser que é importante que sejas bonita, tu perguntas se ele acha que a sua mãe é bonita. Então perguntas se ela é uma mãe melhor por causa disso. “

“Tu és uma boa mamã”, diz ela. “E eu digo isto antes de te dizer que és bonita.” A epifania era visível. “Tu és mais do que bonita, mamã! Tu és uma boa mãe! E eu sou uma menina inteligente!”

Saímos de casa. Deixamos o abrigo e expomo-nos ao mundo por mais um dia. Eu escolho não usar maquilhagem, e eu deixo a minha menina brilhante usar os seu jeans rasgados favoritos. Eu a deixaria alegremente gritar: “Foda-se o patriarcado!”, se ela conhecesse o peso dessas palavras. Em vez disso, ouvimos os “Marretas” cantarem as suas canções tolas enquanto soletramos as suas letras.

Escola: o lugar onde eu espero que ela aprenda que a sua mente e o seu coração são o que mais importa.