Ela não deve a ninguém um abraço. Uma lição sobre consentimento.

Já li vários textos sobre este assunto. Todos eles orbitam sobre um mesmo tópico: uma lição sobre consentimento e como não se deve obrigar os nossos filhos a abraçar ou beijar alguém caso eles não queiram. Escolhi este texto pela simplicidade que o assunto é exposto.

Pode ler o original, em Inglês, no site girlscouts.org. A tradução, para português, foi feita por mim, duma forma livre.

Festas e encontros familiares são um período para comida saborosa, tradições doces, histórias engraçadas e muito amor. Mas podem ser, sem que dê conta, um momento em que a sua filha fica com uma ideia errada sobre consentimento e afecto.

Já alguma vez insistiu, “O tio acabou de chegar – vai dar-lhe um grande abraço!” ou “A tia deu-te esse brinquedo bonito, vai dar-lhe um beijo”, quando a sua filha não o fez por sua própria iniciativa? Se sim, você pode querer reconsiderar o impeto de o fazer no futuro.

Pense nisso desta forma, dizer à sua criança que ela deve a alguém um abraço, quer porque ela não viu essa pessoa durante algum tempo ou porque lhe deram um presente, pode dar espaço, mais tarde na vida, para ela questionar se “deve” a outra pessoa qualquer tipo de afecto físico quando pagarem o seu jantar ou fizeram algo aparentemente mais agradável para ela.

“A noção de consentimento pode parecer algo dos adultos e como algo que não pertence às crianças”, diz a psicóloga de desenvolvimento Dra. Andrea Bastiani Archibald, “mas as lições que as meninas aprendem, quando são jovens, sobre a definição de limites físicos e esperar que eles sejam respeitados, duram toda a vida, e podem influenciar a forma como ela se sente consigo mesma e com o seu corpo, enquanto cresce. Além disso, sabemos que existem adultos que abusam de crianças e ensinar a sua filha, desde cedo, o que é o consentimento, podem ajudá-la a entender os seus direitos, saber quando os limites estão a ser ultrapassados e quando procurar ajuda “.

Dê à sua filha o espaço para decidir quando e como ela quer mostrar carinho. É claro que, muitas crianças podem, naturalmente, querer abraçar e beijar membros da família, amigos ou vizinhos, e isso é maravilhoso – mas, se a sua filha estiver reticente, pondere deixar à sua consideração o que fazer. Claro que isso não lhe dá o direito para ser rude! Existem muitas outras maneiras de mostrar afecto, gratidão e amor que não requerem contacto físico. Dizer o quanto ela sentiu a falta de alguém ou dizer obrigado, sorrir, atirar um beijo pelo ar ou mesmo “dar cinco” são maneiras de se expressar, e é importante que ela saiba que pode escolher a que é mais confortável para ela.