Como explicar aos seus filhos os discursos de ódio nas redes sociais

Discurso de ódio - twitter

Este é um texto escrito por Jennifer Hanley e publicado no site do Family Online Safety Institute. Nele, a autora mostra como podemos conversar com os nossos filhos sobre os discursos de ódio cada vez mais presentes nas redes sociais.

Explique os valores da vossa família, e as opiniões que vocês, como pais, não acreditam ou não toleram.

Reconheça que existem pessoas que não defendem os mesmos valores que a sua família ou mesmo que a maioria das pessoas, e que essas opiniões são muitas vezes vezes expressas online em comentários cheios de ódio, com o objectivo de atingir pessoas, por causa da sua raça, género, religião, orientação sexual ou deficiência. Diga ao seu filho que posts como estes podem parecer piores do que realmente são, e que a maioria das pessoas não partilha da mesma opinião. Reitere que essas publicações cheias de ódio vão contra os vossos valores.

Eduque os seus filhos e ajude-os a desenvolver o pensamento crítico, para que possam distinguir entre fontes online legítimas e aquelas que podem ter visões extremistas. Compartilhe exemplos de fontes que você acharia confiáveis ​​e o porquê. Lembre-os de que, para serem bons cidadãos digitais, eles precisam exercer os seus direitos e responsabilidades online, da mesma maneira que o fazem offline.

Prepare os seus filhos para que eles saibam o que fazer se encontrarem material ou discursos perturbadores. Se os seus filhos são pequenos, diga-lhes que, se virem esse tipo de conteúdo, devem-lhe mostrar e falar consigo. Se forem mais velhos, pergunte-lhes se sabem como usar as ferramentas disponíveis nas redes sociais. Informe-os sobre as opções e os passos a seguir se eles virem um discurso do ódio publicado online.

Ensine-os a silenciar ou bloquear aqueles com visões extremistas, ignorar os posts se assim escolherem, ou se eles se sentirem incomodados por coisas que estão a ver visando pessoas ou grupos podem falar consigo sobre isso e tomar medidas para denunciar o comportamento abusivo a uma rede social. Certifique-se de que os seus filhos sabem agir de forma responsável, de modo a que não compartilhem, gostem ou encaminhem posts que visam  insultar pessoas ou grupos.

Concentre-se nos aspectos positivos do que está online. Mostre-lhes como, em tempos difíceis, muitas pessoas também podem usar a Internet como uma plataforma para o bem, juntarem-se para parar o discurso de ódio ou unirem-se em torno de algo positivo. Por exemplo, uma citação positiva pode ser viral e pode ser inspiradora para o seu filho. O tweet do presidente Obama, que cita Nelson Mandela e a falar sobre ódio, é agora o tweet com mas gostos da história do Twitter e mensagens como essa podem ser estimulantes para o seu filho ver. Mostrar-lhes que há muitas vozes online que se unem para enfrentar o conteúdo odioso pode ser uma lição poderosa.

A lição mais importante é iniciar o diálogo o mais cedo possível para que os seus filhos tenham habilidades para pensar de forma crítica sobre o que eles vêem, saber como reagir se eles se depararem com um discurso de ódio e sentirem-se capacitados para tomarem medidas para difundir uma mensagem positiva. Certifique-se de que os seus filhos sabem que podem conversar consigo sobre o que eles poderão ver online e como isso os faz sentir, para que possam responder ou refletir juntos. Essas conversas permitirão que os seus filhos sejam melhores cidadãos digitais e ajudá-los-ão a tomar medidas positivas e responsáveis ​​quando enfrentarem um discurso de ódio online.

Trump discurso de ódio

Alguns recursos úteis:

Google – formulário para remover conteúdo

Facebook – informações sobre o relatório de conteúdo abusivo, incluindo discurso de ódio

Instagram – diretrizes da comunidade com informações sobre discurso e relatórios de ódio

Twitter – política de conduta odiosa e como denunciar conteúdo abusivo

YouTube – relatar discurso de ódio

Texto traduzido, de forma livre, por Parentalidade Digital

Cápsula do tempo – Uma tradição para o Ano Novo

capsula do tempo em familia

 

As crianças crescem e mudam tão depressa. Todos os anos, elas conhecem pessoas novas, aprendem coisas novas e crescem a passos largos, fisicamente, emocionalmente e mentalmente. Uma maneira divertida de preservar as melhores lembranças de cada ano e documentar os gostos, interesses, conquistas, altura, etc. de sua criança, é fazer uma cápsula do tempo a cada véspera de Ano Novo. É como um instantâneo do ano – congelando essas lembranças felizes a tempo de saborear nos próximos anos. Todos vocês vão gostar de olhar para trás a cada ano para ver o quanto eles cresceram.

Material necessário:

  • Um recipiente, como um frasco grande, uma caixa de sapatos ou uma lata de bolachas.
  • Fita métrica.
  • Papel de embrulho, fita, marcadores e cola para decorar o recipiente.
  • Lembranças e bugigangas dos lugares visitados.
  • Fotos.
  • Lápis e papel.
  • Cartolina.

 

Passo 1

Decore a sua cápsula de tempo. Pode ser simples como uma fita com uma etiqueta, que indica o ano, amarrada à tampa do franco ou uma mais elaborada como por exemplo uma caixa de sapatos decorada com papel de embrulho/ purpurinas / ‘jóias’ coloridas.

Passo 2

Desenhe o contorno da mão e a pegada do seu filho num cartão. Corte-os, date-os e coloque-os na cápsula do tempo.

Passo 3

Meça a altura do seu filho com a fita métrica. Registre a medida ou corte a fita métrica na altura do seu filho e enrole-a para colocar na cápsula.

Passo 4

Coloque as suas fotos favoritas do ano na cápsula. Certifique-se de incluir fotos de eventos especiais como aniversários e férias, juntamente com fotos do seu filho com os seus amigos, avós e outras pessoas especiais da sua vida, incluindo você!

Passo 5

Numa folha de papel, peça ao seu filho que escreva as suas memórias favoritas do ano e outras informações sobre ele. Pode incluir o filme favorito do ano, o nome do melhor amigo, o livro favorito, algo novo aprendido este ano e um objetivo para o novo ano. Há muitas ideias disponíveis online. Basta procurar por “time capsule printables”.

Passo 6

Coloque na caixa lembranças, bugigangas, recortes de jornais ou qualquer outra coisa que comemore o ano que passa. Sele a caixa.

Passo 7

Guarde ou enterre a sua cápsula do tempo até a próxima passagem de ano.

Todos os anos, na véspera de Ano Novo, depois de fazer a sua nova cápsula de tempo, vá buscar a cápsula do ano passado e abra-a. Veja quão maiores são as mãos e os pés dos seus filhos. Quanto eles cresceram num ano? as suas coisas favoritas mudaram? Aposto que você e seu filho ficarão maravilhados com a diferença de um ano.

 

Texto de Rebecca Eanes, fundadora da  positive-parents.org  e criadora da  Positive Parenting: Toddlers and Beyond. Traduzido para português, de forma livre, por Parentalidade Digital.

Como tirar os seus filhos da frente de um ecrã sem começar uma guerra

Pai e filha a ver o computador

Costuma lutar com os seus filhos para os tirar da frente de um ecrã? Isso geralmente termina em lágrimas (deles e suas)? Como tantos outros pais, eu costumava avisar os meus filhos.

“Mais cinco minutos, depois vamos jantar!” Gritava eu da cozinha.

Este aviso normalmente era ignorado.

Cinco minutos depois, eu caminhava para a sala e desligava a televisão/ tablet/ computador, esperando que aceitassem silenciosamente e que todos tivéssemos um jantar de familia tranquilo.

Resultado: choros, birras, jantar frio, cabelos brancos…

Percebi que algo estava errado. Algo estava errado na forma como eu estava a abordar o problema. Eu não conseguia descobrir o que poderia fazer para parar com os gritos repentinos no final de cada screen time (nota do tradutor: comecei por traduzir para tempo de ecrã. Mas mesmo em artigos técnicos em português mantém o termo inglês para indicar o tempo total que alguém passa em frente a um ecrã).

Eu queria encontrar uma maneira de desconectar suavemente os meus filhos do ecrã, de trazê-los de volta ao mundo real, sem colisões constantes e contusões ao longo do caminho (porque isso aconteceu quase todas as noites), mas eu não sabia como. Então, uma amiga deu-me a conhecer um pequeno truque de Isabelle Filliozat.

Isabelle Filliozat é uma psicóloga clínica especializada em parentalidade positiva. Ela é autora de muitos livros sobre educação infantil e uma autoridade sobre parentalidade gentil (gentle parenting) no mundo de língua francesa. De um dia para o outro, o meu mundo mudou. De repente, soube como lidar com o fim do screen time sem os gritos, as birras, o jantar frio ou os cabelos grisalhos.

Aqui está o método muito simples de Isabelle Filliozat para finalizar o screen time sem gritos.

A ciência por detrás do screen time

Alguma vez  faltou a eletricidade quando estavam mesmo para marcar um golo num jogo de futebol?

Ou a sua criança carregou no off  mesmo quando os protagonistas da comédia romântica finalmente se iam beijar?

Ou ficou sem bateria, quando ia matar o extra-terrestre  e ia subir de nível?

É difícil sair do estado de prazer, que é o que o screen time cria nos nossos cérebros. É difícil para os adultos. Para uma criança, pode ser terrível. Literalmente. Isabelle Filliozat explica o porquê:

Quando nós, seres humanos (não apenas crianças!) estamos absorvidos num filme ou a jogar um jogo de computador, estamos, mentalmente, em outro mundo. Os ecrãs são hipnóticos para os nossos cérebros. A luz, os sons, o ritmo das imagens colocam o cérebro em um estado de transe. Sentimo-nos bem  e  não queremos fazer mais nada. Nós não queremos que a situação mude.

Durante esses momentos, os nossos cérebros produzem dopamina, um neurotransmissor que alivia o stress e a dor. Tudo está bem – isto é, até que o ecrã seja desligado. Os níveis de dopamina no corpo caem rápido e sem aviso, o que, literalmente, pode criar uma sensação de dor no corpo. Esta queda nas hormonas, esse choque físico, é quando o “tempo de gritos” das crianças começa.

Não importa que nós, pais, sejamos bem claros que agora é hora de apagar o dispositivo electrónico. Afinal, discutimos e organizamos de antemão (“20 minutos!”), e / ou avisamos (“5 minutos mais!”).  Para nós, é claro e justo o suficiente, mas para a criança, não é.À frente de um ecrã, ela não está em estado de pensar dessa maneira ou de perceber essa informação.O seu cérebro está cheio de dopamina, recorda-se? Desligar o interruptor da televisão, para a criança, pode ser igual a uma dor física. Não está a dar-lhe literalmente uma bofetada na cara, mas é, neurologicamente falando, como ela pode estar a sentir.

Então, em vez de simplesmente carregar no botão de desligar, o truque é, entrar na sua zona.

O truque: construir uma ponte

Sempre que decidir que o screen time deve chegar ao fim, reserve um momento para se sentar ao lado do seu filho e entrar no seu mundo. Assista televisão com ele, ou sente-se com ele enquanto ele joga o seu jogo, massacrando extraterrestres no computador. Não precisa ser muito tempo, meio minuto é suficiente. Apenas compartilhe a sua experiência. Então, faça-lhe uma pergunta sobre isso.

“O estás a ver?” Pode funcionar para algumas crianças.

Outras podem precisar de perguntas mais específicas. “Então, em que nível estás agora?” Ou “Essa é uma personagem engraçada. Quem é?”

Geralmente, as crianças adoram quando os seus pais se interessam pelo seu mundo. Se eles estão muito absorvidos e não lhe ligam, não desista. Deixe-se estar com eles mais um momento e então faça outra pergunta.

Uma vez que a criança começa a responder às suas perguntas ou lhe diz algo que ela viu ou fez na tela, significa que está a sair do mundo de fantasia e a voltar para o mundo real. Ela está a sair do estado de transe e a voltar para uma zona onde está ciente da sua existência – mas devagar. A dopamina não cai abruptamente, porque construiu uma ponte – uma ponte entre onde ela está e onde você está. Podem começar a comunicar, e é aí que a magia acontece.

É nesse momento que pode começar a dizer ao seu filho que é hora de comer, de ir tomar banho ou simplesmente que a hora de televisão já acabou. E graças aquele minuto de flexibilização, o seu filho estará  num espaço onde pode ouvir e reagir ao seu pedido. Ele pode até, suavemente, voltar ao mundo real, e está tão feliz com a atenção dos pais que ele próprio quer desligar a televisão / tablet / computador.

Para mim, o simples compreender do que está a acontecer na mente dos meus filhos ajuda-me a lidar com o final do screen time muito melhor do que antes. Nem sempre é tão suave quanto eu quero, mas não voltamos a ter um incidente com berros desde que descobri o pequeno truque de Isabelle Filliozat.

Não acredite apenas na minha palavra, vá e experimente você mesmo

Da próxima vez que o seu filho estiver sentado à frente de um ecrã e você quiser terminar, tente isto:

  • Sente-se com ela por 30 segundos, um minuto ou mais, e simplesmente assista o que ela está assistindo / fazendo.
  • Faça uma pergunta inocente sobre o que está a acontecer na tela. A maioria das crianças adora a atenção dos seus pais e fornecerá respostas.
  • Uma vez que criou um diálogo, você criou uma ponte – uma ponte que permitirá que o seu filho, na sua mente e corpo, passe do ecrã de volta ao mundo real, sem hormonas em queda livre e, portanto, sem crise .
  • Aproveite o resto do vosso dia juntos.

Artigo de Anita Lehmann com tradução livre de Miguel Tinoco.

Vitamina N – O seu filho pode estar a precisar

menina com uma folha de outono

A vitamina N faz uma certa mágica com crianças: ela transforma galhos em espadas, folhas em moedas de ouro, flores viram coroa de princesa e lama vira bolo de chocolate! Os efeitos dessa mágica se estendem na vida adulta, pois pesquisas mostram que crianças que brincam na natureza tendem a usar mais a imaginação e se tornam adultos mais criativos.

Vitamina N, o seu filho pode estar a precisar. Ele pode estar com falta de vitamina N. 

E você também. E muito provavelmente estão mesmo! Mas por que a vitamina N é importante? Nas crianças, ela ajuda no desenvolvimento físico, emocional, social e cognitivo. Nos adultos, essa vitamina colabora para uma melhor qualidade de vida, pode reduzir ansiedade, estimular criatividade, repor energias e abrir uma porta para a conexão com o mundo espiritual ou alguma crença/religião. Pois é, uma só vitamina tem todas essas propriedades. Mas de onde ela vem? Como adquiri-la? Eu explico: Vitamina N foi um conceito que o jornalista e escritor norte-americano Richard Louv criou para expressar os benefícios do contato com a natureza para os seres humanos, especialmente as crianças.

A vitamina N faz uma certa mágica com crianças: ela transforma galhos em espadas, folhas em moedas de ouro, flores viram coroa de princesa e lama vira bolo de chocolate! Os efeitos dessa mágica se estendem na vida adulta, pois pesquisas mostram que crianças que brincam na natureza tendem a usar mais a imaginação e se tornam adultos mais criativos. Sim, o contato com a natureza possui todas as qualidades descritas acima e muitas outras. O que nos tempos antigos acontecia “naturalmente” (em ambos sentidos da palavra) hoje não é mais comum.  A infância era permeada por brincadeiras que envolviam subir em árvores, mexer na terra, na areia e correr por amplos espaços rodeados de paisagem verde. Hoje em dia isso é luxo!

Outra mágica da vitamina N: ela facilita interações sociais positivas. Estudos comprovam que há menos conflitos entre crianças, quando estas brincam juntas na natureza. A magia continua: aqueles que brincam ao ar livre usam seu corpo mais intensamente e, consequentemente, aprimoram suas funções do equilíbrio e de coordenação motora. E agora lhes apresento minha mágica favorita: crianças com problemas de déficit de atenção são mais capazes de se concentrar após passarem um tempo brincando na natureza! Inclusive, estudos mostram que doses de Ritalina (droga indicada para o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade )  podem ser reduzidas ou até eliminadas, se a vitamina N é suficientemente ingerida pelo indivíduo.

São inúmeros os benefícios da vitamina N e hoje a neurociência está aí como aliada para comprová-los! Não é preciso dizer que o excesso de TV, I-pad, videogame, celular, atividades em salas fechadas e a vida urbana em geral inibem a ingestão de vitamina N. Obesidade infantil, depressão infantil, déficit de atenção, ansiedade, são apenas algumas complicações oriundas da combinação falta de vitamina N e excesso de ‘toxina S’. Toxina o quê? Toxina S. Acabei de criar esse termo, e ele significa ‘sedentarismo’.

Mas… Onde encontrar essa vitamina em uma cidade grande? Há os que acham que ela é rara e só pode ser encontrada na Amazônia, no Pantanal ou em lugares especiais como estes. Mas a natureza, com sua vitamina N, está muito mais disponível do que se imagina. Ela está à nossa volta, basta observarmos melhor. Caminhar em praças ou parques; cultivar jardins e canteiros; fazer hortas caseiras e jardins verticais são alguns exemplos de como adquirir essa vitamina em cidades grandes. Façam uso desses recursos e sintam na pele (e na alma!) os benefícios dessa vitamina! Aproveitem!

 

Texto de ANA LÚCIA MACHADO – Educadora e escritora. Autora do livro “Clarear – a Pedagogia Waldorf em debate”.

Publicado no site Educando tudo muda.

Eu não partilho fotos dos meus filhos nas redes sociais e vocês também não deveriam!

Bebé com logotipo do facebook na bochecha

Não partilhar fotos dos seus filhos nas redes sociais.

Esta seria a unica regra que deveria cumprir. Simplesmente, não partilhar qualquer imagem dos seus filhos nas redes sociais. Existem muitas razões para não o fazermos mas, vou enumerar apenas 2 que deverão ser suficientes para o justificar:

  • Segurança dos nossos filhos. A internet não é uma dimensão alternativa onde todos são boas pessoas. A internet é utilizada por redes de pedofilia, roubo de identidade ou rapto. Quando menos informação for partilhada menor a sua capacidade de cometer crimes.
  • Direito a ter a sua imagem salvaguardada. O que é publicado na internet  dificilmente desaparece e a criança quando cresce deve ter o direito de não ter a sua vida toda publicada. Muitas vezes as crianças são alvo de bullying resultado de fotografias ou comentários que os pais partilharam. Mesmo os adultos envolvem-se nesta forma de bullying digital. Há grupos de Facebook que se divertem  com as partilhas de outros pais.

Infelizmente, sofremos todos do Síndroma das Redes Sociais. Cada vez que temos uma novidade, um novo pensamento,fotografia ou dúvida (existencial ou não), lá vamos nós a correr até à nossa rede social preferida!

Eu sei que temos orgulho dos nossos filhos, das suas conquistas, da sua inteligência, da sua graça, mas o não partilharmos no facebook  não nos torna menos orgulhosos.

Dito isto, e sabendo que vão continuar a partilhar fotografias dos vossos filhos nas redes sociais, deixo a sugestão de algumas imagens que não deverá partilhar:

Informação pessoal

Esta parece bastante óbvia mas há quem não a siga. Não partilhe datas e locais de nascimento, telefones ou moradas. Não publique fotografias que identifiquem a escola, a casa ou locais que normalmente frequenta.

Imagens de grupo

Não pode tomar a decisão, pelos outros pais, de publicar a fotografia dos seus filhos nas redes sociais. Certifique-se que tem autorização para publicar qualquer foto do seu filho a brincar com outras crianças.

Hora do banho

Não partilhe fotografias onde o seu filho apareça totalmente ou parcialmente nu. O que você pode pensar que é um momento querido pode ser aproveitado por redes de pornografia infantil. De acordo com a Comissão Australiana de Segurança das Crianças na Web, mais de metade das fotos encontradas em sites de pedofilia foram retiradas das redes sociais dos pais.

O mesmo se aplica a fotografias do seu filho no bacio ou noutra situação embaraçosa. Qual acha que será a reação do seu filho quando chegar a adolescente e vir, numa qualquer rede social, uma imagem dele a fazer cocó.

Quando estão doentes

É nosso dever, como pais, proteger os nossos filhos, ainda mais quando estão numa situação mais vulnerável.  Você gostaria que toda a gente soubesse quando está doente? Possivelmente, não. Esta é uma pergunta que poderá fazer quando pensar partilhar alguma coisa dos seus filhos: eu gostaria de ser visto nesta situação?

Envergonhar como castigo

Há pais que colocam nas redes sociais fotografias dos seus filhos a fazer alguma asneira ou videos do castigo que lhe foi dado, apenas com o objectivo de os envergonhar. O que muitos consideram “castigo criativo” é na realidade uma prática que pode ter consequências graves nas crianças. Numa primeira fase viola a confiança que deve existir entre pais e filhos. Numa fase posterior, poderá mesmo causar stress pós-traumático, depressão e ansiedade.

 

Fontes:

“Sharenting: Children’s Privacy in the Age of Social Media”, Stacey B. Steinberg

“Don’t Share Photos of Your Kids on Facebook”, Ioana Rijnetuh, Heimedal Security

“Why You Shouldn’t Post These 8 Photos of Your Kids on Social Media”, Melissa Willets

“The True Effects of Parents Shaming Their Kids Online”, Melissa Willets

Uma criança saudável é espontânea, barulhenta, inquieta, emotiva e colorida!

Criança a brincar num mundo colorido

Um artigo da psicologa Raquel Aldana, publicado no site la mente es maravillosa, também ele maravilhoso, aqui traduzido para português. Pode consultar o original, em espanhol, aqui.

Uma criança não nasce para ficar quieta, para não tocar nas coisas, ser paciente ou entreter-se. Uma criança não nasce para ficar sentada a ver televisão ou a jogar no tablet. Uma criança não quer ficar quieta o tempo todo.

Crianças precisam de se mover, navegar, procurar notícias, criar aventuras e descobrir o mundo ao seu redor. Elas estão a aprender,  jogadores natos, caçadores de tesouros, terramotos em potencial.

Elas são livres, almas puras que buscam a voar, não ficar de lado. Não as façamos escravas da vida adulta, da pressa e da falta de imaginação dos mais velhos.

Não as apressemos no nosso mundo de desencanto. Impulsionemos o seu sentimento de maravilha, garantindo-lhes uma vida emocional, social e cognitiva rica em conteúdo, perfume das flores, expressão sensorial, felicidade e conhecimento.

O que acontece no cérebro de uma criança quando brinca?

Os benefícios das brincadeiras para as crianças estão presentes em todos os níveis (fisiológicos-emocionais, comportamentais e cognitivos), isso não é um mistério. Na verdade, podemos falar de múltiplas repercussões:

  • Regula o humor e ansiedade.
  • Promove a atenção, aprendizagem e memória.
  • Reduz o stress, favorecendo a calma neuronal, bem-estar e felicidade.
  • Amplia a sua motivação física, graças à qual os músculos reagem impulsionando-as a brincar.
  • Tudo isso promove um estado óptimo de imaginação e criatividade, ajudando-as a apreciar a fantasia do que as rodeia.

A sociedade tem alimentado a hiperparentalidade, que é a obsessão dos pais para que seus filhos tenham habilidades específicas para assegurar uma boa profissão no futuro. Esquecemo-nos, como sociedade e como educadores, que o valor das crianças não é definido por uma nota na escola e que com os esforços para priorizar os resultados, negligenciamos as habilidades para a vida.

“O valor das nossas crianças é que desde pequenas precisam que as amemos de forma independente, elas não são definidas pelas suas realizações ou fracassos, mas por serem elas mesmas, únicas por natureza. Quando somos crianças, não somos responsáveis por aquilo que recebemos na infância, mas, quando adultos, somos inteiramente responsáveis por corrigi-lo.”

Simplificar a infância, educar bem

Dizemos sempre que cada pessoa é única, mas temos isso pouco interiorizado. Isso reflecte-se num simples facto: estabelecer um conjunto de regras para educar todos os nossos filhos.

Na verdade, esse é um equívoco generalizado que não é de todo coerente com o que acreditamos ser claro (que cada pessoa é única). Portanto, não é de se estranhar que a confluência de nossas crenças e ações resultem em confusão na criança.

Por outro lado, como afirma Kim Payne, professor e conselheiro estadounidense, estamos criando as nossas crianças com excesso de quatro pilares:

  • Muita informação.
  • Muitas coisas.
  • Muitas opções.
  • Muita velocidade.

Impedimo-las de explorar, refletir ou aliviar as tensões que acompanham a vida quotidiana. Enchemo-las de tecnologia, brinquedos e atividades escolares e extracurriculares, distorcemos a infância e, o que é pior, impedimo-las de brincar e se desenvolver.

Hoje em dia as crianças passam menos tempo ao ar livre do que as pessoas que estão na prisão. Porquê? Porque nós as mantemos “entretidas e ocupadas” em outras atividades que acreditamos mais necessárias, tentando fazer com que permaneçam imaculadas e sem manchas nas roupas. Isto é intolerável e, acima de tudo, extremamente preocupante. Consideremos algumas razões pelas quais devemos mudar isso …

  • Higiene excessiva aumenta a probabilidade de que as crianças desenvolvam alergias, como mostra um estudo do Hospital de Gotemburgo, Suécia.
  • Não lhes permitimos desfrutar do ar livre é uma tortura que limita seu desenvolvimento potencial criativo.
  • Mantê-las “agarradas” ao telemóvel, tablet, computador ou televisão é altamente prejudicial para nível fisiológico, emocional, cognitivo e comportamental.

Poderíamos continuar, mas neste momento a maioria de nós já encontrou inúmeras razões pelas quais está a destruir a magia da infância. Como o educador Francesco Tonucci diz:

“A experiência das crianças deveria ser o alimento da escola: sua vida, suas surpresas e descobertas. O meu professor fazia-nos sempre esvaziar os bolsos na sala de aula, porque estavam cheios de testemunhas do mundo exterior: bichos, cordas, cartas… Bem, hoje devem fazer o oposto, pedir às crianças para mostrarem o que carregam em seus bolsos. Desta forma, a escola se abriria para a vida, recebendo as crianças com os seus conhecimentos e trabalhando em torno deles”

Esta certamente é uma maneira muito mais saudável de trabalhar com elas, educá-las e assegurar o seu sucesso. Se esquecermos isso em algum momento, devemos ter bem presente o seguinte: “Se as crianças não precisam de um banho urgente, não brincaram o suficiente.” Esta é a premissa fundamental de uma boa educação.

Fonte: La mente es maravillosa

Trate os seus filhos com cuidado porque são feitos de sonhos

A infância tem o seu próprio ritmo, a sua própria maneira de sentir, ver e pensar. Poucas pretensões podem ser tão erradas como tentar substituí-la pela forma como nos sentimos, vemos ou pensamos, porque as crianças nunca serão cópias dos seus pais. As crianças são filhas do mundo e são feitas de sonhos, esperanças e ilusões que se acumulam nas suas mentes livres e privilegiadas.

Há alguns meses saiu uma notícia que nos desconcerta e nos convida a refletir. No Reino Unido, muitas famílias preparam as suas crianças de 5 anos para que aos 6 possam fazer um teste, que lhes permite ter acesso às melhores escolas. Um suposto “futuro promissor” pode causar a perda da infância.

De que adianta uma criança saber os nomes das luas de Saturno, se não sabem como lidar com a sua tristeza ou raiva? Eduquemos crianças sábias nas emoções, crianças cheias de sonhos, e não de medos.

Hoje em dia, muitos pais continuam com a ideia de “acelerar” as habilidades de seus filhos, de estimulá-los cognitivamente, colocá-los para dormir ao som de Mozart enquanto ainda estão no útero. Pode ser que essa necessidade de criar filhos aptos para o mundo esteja a educar filhos aptos apenas para si mesmos. Criaturas que com apenas 5 ou 6 anos sofrem o stress de um adulto.

desenho de menina a pilotar avião de brincar
Autora: Karin Taylor

Os nossos filhos e a competitividade do ambiente

Todos sabemos que nas sociedades em mudança e competitivas são necessárias pessoas capazes de se adaptarem a todas as exigências. Também não temos dúvidas de que crianças britânicas que conseguem entrar nas melhores escolas, conseguirão amanhã um bom trabalho. No entanto, também é necessário perguntar …

 

Terá valido a pena todo o custo emocional? O perder a infância? O seguir as orientações de seus pais desde os 5 anos?

As crianças são feitas de sonhos e devem ser tratadas com cuidado. Se lhes dermos obrigações de adultos enquanto ainda são apenas crianças, arrancamos-lhes as asas, fazendo-as perderem a sua infância.

Respeitar o tempo, o afeto e os sonhos

A nossa obrigação mais importante é dar às crianças um “raio de luz”, para depois seguirmos o nosso caminho. – Maria Montessori

A curiosidade é a maior motivação do cérebro de uma criança, por conseguinte, é conveniente que os pais e educadores sejam facilitadores de aprendizagem, e não agentes de pressão. Vejamos agora abordagens interessantes sobre a  parentalidade que respeita os ciclos naturais da criança e suas necessidades.

Pais sem pressa – Slow Parenting

O “Slow Parenting” (pais sem pressa) é um verdadeiro reflexo dessa corrente social e filosófica que nos convida a desacelerar, a sermos mais conscientes do que nos rodeia. Portanto, no que se refere à criança, promovemos  um modelo mais simplificado, de paciência, com respeito aos ritmos da criança em cada fase de desenvolvimento.

 

Os eixos básicos que definem o Slow Parenting serão:

  • A necessidade básica de uma criança é brincar e descobrir o mundo;
  • Nós não somos “amigos” de nossos filhos, somos suas mães e pais. Nosso dever é amá-los, orientá-los, ser seu exemplo e facilitar a maturidade sem pressão;
  • Lembre-se sempre de que “menos é mais”. Que a criatividade é a arma dos filhos, um lápis, papel e um campo têm mais poder do que um telefone ou um computador;
  • Compartilhe tempo com seus filhos em espaços tranquilos.

Parentalidade respeitadora / consciente

Embora o mais conhecido desta abordagem seja o uso de reforço positivo sobre a punição, este estilo educativo inclui muitas outras dimensões que valem a pena conhecer.

  • Devemos educar sem gritar.
  • O uso de recompensas nem sempre é apropriado: corremos o risco de nossos filhos se acostumarem a esperar sempre recompensas, sem entenderem os benefícios intrínsecos do esforço, realização pessoal.
  • Dizer “não” e estabelecer limites não vai gerar nenhum trauma, é necessário.
  • O forte uso da comunicação, escuta e paciência. Uma criança que se sente cuidada e valorizada é alguém que se sente livre para manter os sonhos da infância e moldá-los até a idade adulta.

Respeitemos a sua infância, respeitemos essa etapa que oferece raízes às suas esperanças e asas às suas expectativas.

Fonte: La mente es maravillosa

Castigar as crianças por serem humanas

Criança a chorar

Este é um texto de Rebecca Eanes, fundadora da  positive-parents.org  e criadora da  Positive Parenting: Toddlers and Beyondaqui traduzido para português.

Há um excerto do meu livro, The Newbie’s Guide to Positive Parenting , que tem corrido o mundo. É a minha citação mais amplamente vista, mas também é a mais controversa, porque as pessoas entenderam-na fora do seu contexto.

“Muitas vezes, as crianças são punidas por serem humanas. Elas não têm permissão para estarem mal-humoradas, terem dias menos bons, tons desrespeitosos ou atitudes ruins. No entanto, nós, adultos, temos isso o tempo todo. Nenhum de nós é perfeito. Nós devemos parar de manter os nossos filhos num padrão de perfeição mais elevado do que aquele que podemos alcançar “.

Muitos pais compreenderam o significado da citação, que é, que as crianças não são perfeitas e que muitas vezes esperamos um comportamento muito melhor e mais auto-controlado dos nossos filhos do que aquele que, até nós, como adultos, somos capazes de demonstrar.

Contudo, há muitos pessoas que entenderam que não devemos responsabilizar os nossos filhos pelo seu comportamento e que devemos ignorar todo o desrespeito e má educação, o que, obviamente, não é o que eu sugiro.

Para contextualizar esta citação, deixo aqui o que escrevi logo a seguir, no meu livro: “Claro que, não estou a dizer para ignorar as suas atitudes, apenas porque são humanos. Ensine-os melhor! Ensine-lhes que não é bom projetar o mau humor para aqueles que estão ao seu redor. Ensine-os a lidar com a frustração, a raiva, o medo, a tristeza e o desapontamento. Ensine-lhes que não é aceitável ser rude com as pessoas.”

Mantenha-os num padrão elevado! Mas, por favor, segure-se a um, também.

Não projete o seu mau humor. Saiba como lidar com a sua frustração, raiva, medo, tristeza ou desapontamento. Não seja rude com eles. Todos nós precisamos de padrões elevados, mas sabe o que nós também precisamos? Um pouco de compaixão. Você já é adulto, mas às vezes tem um dia ruim e diz algo menos simpático, ou  bate com uma porta, ou grita com os seus filhos.

Não somos robôs. Às vezes a vida é simplesmente difícil, e precisamos é de uma pausa, não de uma palestra. Precisamos de um abraço, não de um olhar desdenhoso. Sabemos que fizemos errado, mas estamos a passar um período mau. Nós só precisamos de compaixão. O mesmo vale para nossos filhos “.

Aqui está um bom exercício.

Hoje, em casa, ouça-se  a si mesma e aos outros adultos, e observe se alguma das coisas que diz ou faz a meteria em problemas se você fosse uma criança.

  • Ignorou a sua criança enquanto ela estava a falar consigo?
  • Gritou com alguém?
  • Falou com um tom de desrespeito?
  • E o seu parceiro?
  • Bateu com uma porta, revirou os olhos, ou suspirou perante outro pedido do seu filho?

É um exercício revelador, porque percebemos que a maioria de nós faz pelo menos uma coisa pela qual reprenderíamos a nossa criança.

Claro que temos razões. Estamos stressados ​​por causa do trabalho. Estamos privados de sono por causa do bebé. Estamos doentes ou doridos ou é das hormonas. Nós somos boas pessoas que se estão a esforçar muito mas que ocasionalmente metem o pé na argola. Nós tendemos a olhar para as razões por trás do nosso próprio comportamento e suavizamos os erros cometidos.

Mas quando nossos filhos o fazem, não olhamos para as razões por trás disso. Vemos as nossas crianças como barulhentas ou impertinentes, e saltamos diretamente para a correção. É normal para nós sermos humanos, mas esperamos sempre a perfeição dos nossos filhos, e isso não é justo.

Se eu não consigo manter o meu temperamento em todos os momentos, não posso exigir que os meus filhos tenham um controle emocional perfeito. Se eu não consigo controlar o meu tom e falar sempre com uma voz gentil, como posso esperar que os meus pequenos controlem isso?

 

Esperamos que essas pequenas crianças, com seus cérebros subdesenvolvidos e experiências de vida limitadas, se comportem melhor do que homens e mulheres adultos. E se não acredita em mim, ouça o próximo debate presidencial ou passe algum tempo a ler os posts de notícias das redes sociais.

Suporto totalmente os padrões elevados. Eu acho que devemos esperar que os nossos filhos sejam gentis, ponderados e bem-educados. Mas também acho que  devemos estar, igualmente, à altura das nossas próprias expectativas.

Claro que é extremamente importante ensinar os  nossos filhos que nunca é bom ser rude ou desrespeitoso. Crianças e todos os seres humanos devem ser responsabilizados pelas suas ações. Não corrigir os nossos filhos quando eles precisam de correção é ser permissivo, e isso não é parentalidade positiva. Nem mesmo é parentalidade. Eles devem ser ensinados a fazer melhor, e também, nós, devemos fazer melhor. Nós, adultos, devemos definir o padrão elevado e liderar o caminho. Contudo,  devemo-nos lembrar que às vezes a compaixão é o melhor professor. Às vezes, o perdão é a solução.

Eu sou uma boa pessoa, mas também sei que tenho defeitos. Eu sou uma humana imperfeita que, apesar dos meus melhores esforços, falha, e sei que meus pequenos e imperfeitos humanos também vão falhar. Isso não faz das suas más escolhas menos erradas, mas torna-as compreensíveis e dá-nos a todos uma hipótese de crescer e melhorar. Às vezes, a correção é absolutamente necessária. E às vezes só precisamos de perdoar.

Texto de Rebecca Eanes, fundadora da  positive-parents.org  e criadora da  Positive Parenting: Toddlers and Beyond. 

Tradução livre de Miguel Tinoco, criador do site Parentalidade Digital.

 

 

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De joelho esfolado e sorriso na cara!

Menino a brincar na natureza

Se depois de brincar, a criança precisar de um banho urgente é de certeza uma criança feliz.

Uma criança não nasce para ficar sentada um dia inteiro, quer seja numa sala de aula, a ver televisão ou a jogar consola. Uma criança precisa de espaço para brincar, para imaginar mundos de fantasia com os amigos, para descobrir  o mundo que a rodeia.

As crianças saudáveis são barulhentas, sonhadoras, andam sempre com os joelhos esfolados e com as calças sujas de relva. As crianças saudáveis são curiosas, querendo sempre saber o “porquê”.

É tão estranho que as crianças, até entrarem nas escolas, estejam constantemente na idade dos “porquê” e, assim que entram, parecem sair precipitadamente dela — a escola devia ser quem mais incentiva o “porquê”.

-Eduardo sá –

A importância de brincar

Actualmente é mais que reconhecida a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional, cognitivo e físico da criança.

As vantagens de brincar verificam-se a vários níveis [1]:

  • Em contraste com o entretenimento passivo, o brincar cria corpos ativos e saudáveis[2].
  • Intelectualmente, estimula a aquisição de competências, treino da atenção e capacidade de resolução de problemas .
  • No plano emocional e social, brincar proporciona diversas situações em que é testada a relação com os pares, permitindo desenvolver a resiliência. Além disso, ao transferir para a brincadeira objectos ou fenómenos da realidade externa, a criança constrói as bases para a compreensão de si própria e do mundo , expressando os seus medos e frustrações, mas também a sua criatividade.
  • Brincar é uma forma privilegiada de interacção entre pais e filhos, facilitando a comunicação e a cumplicidade.
  • Brincar ao ar-livre, meter as mãos na terra, fortalece o sistema imunológico e reduz a probabilidade de adquirir alergias. [3]

 

Apesar dos benefícios derivados do brincar para as crianças e os pais, o tempo de brincadeira livre foi marcadamente reduzido. Os pais estão cada vez obcecados com o sucesso, as notas, os trabalhos. As brincadeiras  espontâneas e livres não cabem nas agendas cheias de actividades extra-curriculares e deveres escolares.

«Desde cedo as crianças são expostas a brinquedos, vídeos, livros e computadores, concebidos para assegurar que são adequadamente estimuladas. O stress e a ansiedade aliados a este perfeccionismo e exigência podem ter consequências graves no futuro».

-Sociedade Portuguesa de Pediatria-

Abrandar e simplificar

Estamos a criar as nossas crianças com muitas coisas, muitas actividades, muita informação mas com muito pouco tempo. «Impedimos-las de explorar, refletir ou aliviar as tensões que acompanham a vida quotidiana. Enchemo-las de tecnologia, brinquedos e atividades escolares e extracurriculares, distorcemos a infância e, o que é pior, impedimos-las de brincar e se desenvolver» [4] .

Há quanto tempo não leva a sua família a passear na natureza? Não estou a falar em desbravar uma qualquer floresta, ou fugir de leões na savana africana. Estou e referir-me a ir à praia apanhar conchas, ou ao parque procurar pequenos bichinhos e folhas de várias cores. Ir brincar para o jardim, apanhar pedrinhas ou flores.

Precisamos  de abrandar e simplificar. Precisamos de deixar que  as nossas crianças brinquem, saltem, corram e que cheguem a casa sujas e com os joelhos arranhados!

 

Fontes:

[1] Marta Póvoas et al. , Sociedade Portuguesa de Pediatria, “O brincar da criança em idade pré-escolar”;

[2] Kenneth R. Ginsburg, AAP, “The Importance of Play in Promoting Healthy Child Development and Maintaining Strong Parent-Child Bonds”

[3] Anthony Wong, pediatra, diretor do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

[4]  Raquel Aldana, “Un niño sano es espontáneo, ruidoso, inquieto, emotivo y colorido”

Uma criança que lê, será um adulto que pensa

Menina a sonhar, deitada sobre livros

É importante fomentar a leitura em qualquer idade, mas é na infância que essa importância é fundamental.

Uma criança que lê um livro, ou que tem contacto com a leitura, principalmente se for acompanhada pelos pais, terá garantidamente um futuro melhor.

Pesquisas mostram que:

  •  a leitura aumenta as capacidades de aprendizagem e comunicação;
  • através da leitura a criança desenvolve a criatividade e a imaginação;
  • aumenta a capacidade de compreensão do mundo e o sentido critico para questionar o que a rodeia.
Autor: Cyril Rolando

Uma criança que lê é um viajante incansável.

Um livro transporta as crianças por outro mundos. Envolve-os em aventuras sem fim. Dá-lhe a conhecer outras culturas e outros países.
Uma criança que lê nunca está presa. Por meio dos livros a criança cria lugares, personagens, histórias. A sua criatividade e imaginação transporta-os em viagens sem fim.

Estamos rodeados de novas tecnologias, onde todas as informações, músicas, filmes e ebooks podem ser encontrados na internet. Há muitos que pensam que o livro é coisa do passado.

Mas, para quem tem mesmo prazer em ler, “quem sabe o poder que tem uma história bem contada, quem sabe os benefícios que uma simples história pode proporcionar” (Eline Castro, 2008), sabe que não há tecnologia no mundo que substitua o “prazer de tocar as páginas de um livro e encontrar nelas um mundo repleto de encantamento” (Eline Castro, 2008).